Como se faz uma tese

O tí­tulo deste post – Como se faz uma tese – é o mesmo do livro de Umberto Eco (ele mesmo, do livro “O nome da rosa”) que explica como desenvolver uma tese de conclusão de curso.

Resolvi tratar deste assunto pois percebo um sem-fim de colegas profissionais e estudantes batalhando seus trabalhos de conclusão sobre ITIL, COBIT, infra-estrutura, etc. Considero este movimento muito importante para nossa comunidade.

Contudo, a maioria dos tí­tulos tem se apresentado com uma abrangência muito larga, pouco focada.

Assim, resgatei o livro – Como se faz uma tese – que usei de base para minha monografia e recolhi algumas dicas. Obviamente recomendo o acesso e leitura da obra. Farei aqui apenas um despertar para esta leitura.

Então…

Seguem meus excertos:

Em suma, recordemos este princí­pio fundamental: quanto mais se restringe o campo, melhor e com mais segurança se trabalha.

A idéia desta citação é restringir e delimitar o escopo do trabalho. Algo como “Implantação de Service Desk em uma empresa petroquí­mica do Pólo de Camaçari” é muití­ssimo melhor do que “Conceitos de ITIL em corporações“.

E geralmente, quando se objeta ao candidato que o discurso está demasiado personalizado, genérico, informal, privado de verificações historiográficas e citações, ele responde que não foi bem compreendido, que sua tese é muito mais inteligente que os outros exercí­cios de banal compilação.

Como todo trabalho de conclusão, espera-se a presença de embasamento cientí­fico. Citação e origem das fontes. Uma coisa é um post num blog. Outra bem mais complexa e exigente, um trabalho cientí­fico com referências, gráficos, ilustrações, informações baseadas em pesquisas verí­dicas (e que possam ser identificadas), etc.

Uma tese serve sobretudo para ensinar e coordenar idéias, independente do tema tratado.”

Yes.

Ensinar, compartilhar, pensar, refletir, analisar.

Isso faz um trabalho de conclusão.

Mais do que citar, ele conduz a classe profissional ou cientí­fica envolvida para um novo patamar de conhecimento. Se é pra ser bom o trabalho, precisa nos levar de um ponto conhecido a um outro superior, ainda mais qualificado.

Seus requisitos são:

  1. O tema deve ser circunscrito;
  2. o tema deve ser, se possí­vel, atual, não exigindo bibliografia que remonte aos gregos; ou deve ser tema marginal, sobre o qual pouca coisa foi escrita;
  3. todos os documentos devem estar disponí­veis num local determinado, onde a consulta seja fácil.

Creio que as idéias acima estão claras. O primeiro item me parece mais importante, pois restringe o escopo da idéia a ser tratada. Por isso mesmo desperta mais o interesse do leitor.

Na segunda, é uma dificuldade que enfrentamos no Brasil em relação à literatura. Mas ela existe, ainda que em inglês e bem atualizada.

Quanto ao terceiro item, o livro de Eco é de 1977. Ou seja, 30 anos atrás, sem internet e facilidades que dispomos como bibliotecas digitais, internet, e-mail, e-mule e outras ferramentas de troca de arquivos (legí­timos e legais, of course).

O que é cientificidade?

  • O estudo debruça-se sobre um objeto reconhecí­vel e definido de tal maneira que seja reconhecí­vel igualmente pelos outros.
  • O estudo deve dizer algo do objeto que ainda não foi dito ou rever sob uma ótica diferente o que já se disse.
  • O estudo deve ser útil aos demais.
  • O estudo deve fornecer elementos para a verificação e a contestação das hipóteses apresentadas e, portanto, para uma continuidade pública.

Vamos lá:

O primeiro item trata de um objeto reconhecí­vel. Se você fizer seu trabalho citando uma metodologia ou ferramenta que todos desconhecem, fica complicado avaliar. E aproveitar. Isto por que não há como verificar se o que está descrito é verdadeiro ou não, base de toda regra cientí­fica.

No segundo item, descrever uma implantação de ITIL pode ser algo banal, em função da quantidade de empresas que já adota a biblioteca. Mas se você colocar algum tempero extra, como um obra que confronte as várias ferramentas disponí­veis, vantagens e desvantagens no uso de cada uma, etc, pode ser tornar algo muito mais interessante.

O terceiro item versa sobre a novidade. Se simplesmente a tese apresenta as idéias básicas do ITIL – que muita gente já está careca de saber – ela não tem quase utilidade no mercado corporativo e cientí­fico. Mas se apresenta abordagens novas, idéias ainda não trabalhadas, buenas… Hay então algo muito bueno surgindo aí­…

E o quarto item é sempre a questão cientí­fica: suas idéias podem e devem ser testadas. E comprovadas.

Bem, não quero compilar o livro.

O melhor é, se você está às beiras de uma tese, batalhar para ter acesso a esta obra e definir o escopo do seu trabalho.

Estamos aqui para ajudar.

Ah! Veja se, ao final do trabalho, disponibiliza o mesmo em um local público para que colegas tenham acesso e cresçam também com seu conhecimento e esforço.

Abraços,

El Cohen

4 comentários em “Como se faz uma tese”

  1. Cíntia Carone Campos

    Adorei a idéia vou me inspirar o maximo possivel para que posso obter um otimo resultado em minha monografia.
    Muito obrigada mesmo duvidas entrarei em contato… 🙂

  2. muito bom…
    ajuda a termos um foco na monografia não apenas escrever der forma ampla sobre o tema e trabalhar encima de um resultado concreto

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