Aprendizados do cotidiano

Como trocar o carro da filha ensina alguma coisa

Sábado. Não quero sair de casa. Mas sou arrastado pela esposa. Chefe é chefe.

Fomos visitar concessionárias de veí­culos para trocar o Astra 2004 da filha por um zero. As taxas de juros estão convidativas e o carro velho começa a apresentar problemas de bomba de gasolina, radiador furado. Essas coisas que chegam com a idade, hehe.

Primeira visita – revenda Ford

Explico ao vendedor que desejava trocar o carro da filha – Astra – por um mais novo.

Ele de imediato começa a mostrar os novos modelos Focus que custam R$ 55.000. Tive que atalhar, dizendo que precisa ser uma parcela que ela pudesse pagar, algo em torno dos R$ 500.

Não gostou, claro. A comissão diminui.

– Ah, e queremos colocar o carro velho no negócio“. Ele some durante 20 minutos para entregar o veí­culo para o avaliador. Aqui começa o que achamos curioso (eu e minha esposa). Seis recepcionistas tagarelando na entrada da concessionária, mas quem corre atrás do avaliador é o nosso vendedor. Nos deixa abandonados durante vinte minutos. Em especial um rabugento como eu.

Volta com uma avaliação razoável. Nos pergunta quanto gostarí­amos de pagar, num papo bem AWAY. Eu digo a ele: “– Brother, vamos direto ao assunto. Qual o seu preço? Quanto custa esse Fiesta 1.0 com ar condicionado e direção hidráulica?“.

Vamos até a mesa dele. Diz que os juros estão por 1,20%. Assusto-me. Explico que a GM oferece taxas de 0,60% ao mês para nos empurrar seus carrinhos (Celta).

Ele recalcula a prestação. Bate com a calculadora sobre a mesa dizendo que é seu último número.

Cena hilária. Entreolhamos-nos, eu e minha esposa, e vamos embora, agradecendo o “atendimento”.

Esse não é e nem pode ser o comportamento de um vendedor. Ou alguém que deseja atender nossas necessidades. Ele não pode ser agressivo, ainda que o usuário, ops, digo, o cliente seja.

Vamos à Renault ver o Sandero

Melhorou. Um sujeito mais atencioso.

Infelizmente, acontece o mesmo com o processo de avaliação. Cinco funcionários tagarelando na entrada da loja, mas o nosso vendedor desaparece por 15 minutos em busca do avaliador. Já enfarados e quase indo embora, ele retorna.

Pergunto do preço do veí­culo e fica um reco-reco. Quero resolver logo a questão do carro da filha. Finalmente nos diz o valor. Peço um papel para fazer anotações ele me oferece um minúsculo 4×4 cm. “– Não tem então papel de impressora?“, pergunto. “– Não posso, só quando entregar a proposta final” que é uma folha simples com três linhas dizendo o preço e parcelamento.

Vamos à Nissan ver o March

Uuuuuu… Que diferença. Uma recepcionista nos recebe e vai mostrando o autinho. Até que uma vendedora se aproxima.

Então ela inicia seu trabalho: qual a necessidade de vocês? O que pensam? Ah, um carro para a filha? Um urbano?

Entrega a chave do Astra para um colega avaliar, enquanto continua a conversar conosco, explicando os modelos, benefí­cios etc.

Na hora do test-drive,  um sujeito nos acompanha dentro do carro.

Veja que tipo de esperteza, pois test-drive gera algum tipo de relação com a revenda e com o veí­culo, coisa que os outros dois vendedores não nos ofereceram (talvez por seus carros serem “já conhecidos”).

Além de traçar o roteiro, ele vai sugerindo que ligue o ar condicionado na subida, para ver como ele é forte. Fala que seu veí­culo tem 900 kgs, ao contrário dos concorrentes que pesam mais de uma tonelada e tanto.

E você com isso?

 

  • Quantos de nós NÃO vendem seus serviços para a empresa onde trabalham, presumindo que reconhecem nosso valor?
  • Quantos de nós acham que as pessoas já conhecem nossos serviços e por isso não precisam de explicação?
  • Quantos de nós tentam empurrar um determinado serviço sem dialogar com o cliente?
  • Quantos de nós abandonam seus usuários, dispensando contatos por longos perí­odos?

A minha filha vai comprar um March. Não talvez por que seja o melhor produto, mas por que melhor venderam para ela.

Garanta seu emprego. Releia o artigo 😉

Smack

EL CO

 

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