As coisas vão mal – uma questão de cálculo atuarial

Cálculo atuarial é o que o contador faz.

calculadoraExpandindo o conceito, lembro de um chefe que perguntava:

– Vale mais a pena ter um cliente pagando R$ 1.000 todo mês ou 1.000 deles pagando R$ 1 todo mês?

Eu respondi: apenas um.

Ele me explicou que se este fosse embora, a empresa quebrava, pois era seu único cliente.

Por outro lado, se um dos 1.000 fosse embora, o impacto seria quase imperceptí­vel.

// Corte de cena //

Caso 1

Chego em casa.

Minha filha diz que ficou 2 horas ao telefone tentando cancelar a revista que assinou para o namorado.

Motivo: há dois meses esperava o primeiro exemplar chegar.

Caso 2

controle-remotoUma terça-feira: minha esposa diz que um técnico da empresa de tv a cabo deveria ter chegado até as 22 horas. Claro, não chegou ainda.

Ligo pra lá, o atendente faz um teatro (já deve fazer parte da base de conhecimento ou ele leu meu livro) e diz:

– Meu Deus, o sujeito anterior marcou vistoria e não visita! Podemos marcar para 6a-feira?

Rio (daqui a 3 dias uma visita?!), ameaço, xingo, choro, peço o supervis [salvad] or, amasso copinho de plástico, nada.

Caso 3

A empresa de telefonia oferece um plano maior de franquia de minutos para nossa empresa, visto que estamos gastando mais por minuto.

Aceito.

E de inhapa, ganhamos uma linha grátis. Digo que não quero, nem instalem.

telefoneO técnico aparece dois dias depois para instalar. Despacho ele.

Chega a conta e a linha é cobrada. Cancelo.

Chega mês que vem e a linha é cobrada. Reclamo.

Chega o mês seguinte e as contas são unificadas numa só, nem consigo mais deixar de pagar a linha “grátis”.

Mês seguinte aparece CONSUMO da linha que nunca foi instalada.

Caso 4

Minha tia decide migrar da atual companhia telefônica para outra. Telefona durante cinco dias e nhecas.

// Retorno à  cena //

Bom…

Quando você passa a ser mais um, a vida torna-se dura.

É como meu chefe dizia, se for embora um, não há impacto.

E como a concorrência dos serviços indicados é de mesmo ní­vel, você está num “mato sem cachorro“. Seu valor é quase insignificante.

Com a chegada “dessa” crise, imagino  que as coisas tornar-se-ão mais graves, por que vão rolar:

  • Demissões no atendimento
  • racionalização de mão-de-obra
  • mais linhas ocupadas (apesar da lei)
  • piora na qualidade do atendimento

tn_psd1141Eu não posso acreditar que quaisquer das empresas envolvidas nos casos descritos não tenha interesse em prestar um bom serviço. E sei que tem acesso a tecnologia para melhorar ou aperfeiçoar os serviços.

Catastroficamente – e considerando a competência dos envolvidos – a conclusão é que existe um limite (na lucratividade ou possibilidade) para oferecer uma determinada qualidade ou ní­vel de serviço.

Que fica longe de ser boa, pela visão do usuário.

Mas que, do lado do fornecedor, “– É o que de melhor podemos lhe oferecer.

E retornando à questão do cálculo atuarial, é apenas mais um que vai embora. Mas enquanto esse vai, outros vem do nosso concorrente.

muitos

Ughs, dureza ser pessimista.

Oh yeah, sei que devemos buscar os ciclos PDCA, encantamento do cliente e trocentas outras expressões, mas…

Como aceitar que estas empresas não consigam oferecer tais serviços com baixo ní­vel de insatisfação (não escrevi alto ní­vel de satisfação)?

Abraços,

El Cohen

5 comentários em “As coisas vão mal – uma questão de cálculo atuarial”

  1. Quem faz o cálculo atuarial é o atuário, não o contador, se o contador o fizer será uma irregularidade. O cálculo atuarial é obrigatório aos instituto de previdência dos estados e municíipos e será realizado por um profissional que se chama atuário. Este profissional irá pesquisar e avaliar diversas variáveis, tais como:

    valor dos benefícios atuais e dos que serão concedidos
    idades dos beneficiários
    índice médio de evolução salarial
    tábua de sobrevivência e outros

    Teremos assim a verificação da condição atual do regime e suas necessidades futuras. Portanto, são os cálculos atuariais que determinam quanto deve ser as contribuições dos órgãos e dos servidores para garantir o pagamento dos benefícios contidos na Lei.

  2. Olá, Gigi!

    Tem razão, frente à lei talvez seja isso mesmo que você escreveu, mas…

    Nós podemos exercitar nosso poder de abstração e analogia, right?

    Pouca gente sabe quem é o atuário, mas contador (que mexe com números) todo mundo conhece, né não?

    Assim, se você pega a profissão de contador, está certa.

    Mas se pega contador como alguém que conta números, então minha expressão segue correta?

    Valeu pelo esclarecimento.

    El Cohen

  3. Ai , sinto muito ,não leve meu comentário para o lado pessoal,mas acho muito  superficial uma afirmativa dessas . Analogia e abstração não servem para o caso em tela. Estudando  lógica e argumentação , ciências que  são norteadas por uma  linha de raciocínio analógico você verá que  a sua afirmativa é falsa.
    Acho muito contraproducente e alienante tal  afirmativa.  Interpretar erroneamente e permanecer com a mesma linha de raciocínio mesmo sabendo que está errado é mucho loco. Não tem nada a ver com a lei ,mas sim com o conteúdo aprendido na faculdade ( os Currículos são extremamente diferentes o de contador com o atuário,não é por que envolve números que um engenheiro ou um físico são contadores ,né?)  é a aplicação dos conteúdos programáticos (conhecimento técnico e específico) e a prática das profissões( absolutamente distintas) . Se as pessoas não conhecem a profissão de atuário, deveriam conhecer ,não se deve usar uma “pseudo analogia” para emburrecer uma população tão iletrada e sem cultura.Devemos disseminar o conhecimento.

    It’s absolutely incredible.
    Mas o blog é seu ,portanto,acredite no que lhe convém.

    Boa Semana

    Cordialmente ,Gigi.

  4. `Concordo com a Gigi. A lei diz que somente o atuário pode fazer cálculos atuariais. É uma função reservada a esse profissional.

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