Este artigo busca realizar uma refutação racional ao texto de meu guru Ricardo Mansur.
Aparentemente, ele desfrutou de meu arsenal de palestras — disponíveis em www.4hd.com.br/download — e encontrou a de 2019 na EXPOTI ES sob o título As oportunidades da transformação digital no mundo do suporte técnico.
Publicou então um rico dum texto denominado TI (Tecnologia de Informações) é o negócio.
Sua ideia: TI evoluiu de um “centro de custos” para ser o próprio negócio. Claro, fico lisonjeado com seu despertar tardio para minhas considerações. Compare seu trecho com o slide de 2019:
No caso da indústria automobilística temos a venda assinatura mensal de aquecimento dos bancos, de suspensão adaptativa M, de controle de cruzeiro adaptativo com função stop and go, de autopilot mais sofisticado, de serviços de emergência, recuperação veicular, comandos remotos, bom samaritano etc.
Meu slide:
Porém, a palestra fora apenas uma provocação aos profissionais presentes no evento.
Sobre a Tesla (e outros fabricantes)
Eu não creio que a Tesla possa ser considerada uma empresa de software:
- Seu produto principal ainda são os veículos elétricos, não o software. O foco da empresa é fabricar e vender carros.
- Quem a visitar se deparará com fábricas e instalações de montagem para produzir veículos, o que é um aspecto essencial de uma empresa de manufatura.
- Sua receita principal advém da venda de automóveis, não de software. Yes, o software dá grana (10% do total da receita da Tesla), mas é um complemento ao produto físico.
- A percepção do mercado (e dos consumidores), é que a Tesla é uma empresa automotiva que utiliza software avançado para melhorar seus produtos, mas não é uma empresa de software como Microsoft ou SAP.
Em minha opinião, embora o software desempenhe um papel significativo nas operações da Tesla, a essência do seu negócio ainda está enraizada na fabricação e venda de veículos elétricos.
Usamos a tecnologia
Os negócios se valem de tecnologia para serem mais eficientes, modernos e facilitadores.
OK, alguns sim, são pura tecnologia como fabricantes de plataformas de ERP, de Offices, de internet ou outros que envolvem hardware.
Mas isso é um pedaço pequeno do mundo lá fora (da TI).
Acho que foi Chris Anderson no seu livro Makers, a nova revolução industrial, que disse que o mundo dos átomos é 5x maior que que o mundo dos bits.
Nossas transações comerciais são realizadas principalmente no mundo real de tijolo e cimento, de alimentos e roupas, de carros e casas, e, até que chegue algum tipo de futuro de ficção científica, no qual sejamos apenas cérebros desincorporados, sempre será assim.
Os bits são empolgantes, mas quando se trata da economia em termos amplos, tudo tem a ver com átomos.
As pessoas ainda querem se deslocar dentro da cidade veículos (se tiver tecnologia que ajude, melhor). Voar em aviões (yes, lotados de tecnologia, mas são ainda aviões). Comer lanches. Ter lava-roupas e lava-louças (às vezes, apenas alugar no bairro). Sentar em sofás, deitar em camas e morar em casas, apartamentos etc. Beber chimarrão, cafés, cervejas e cachaças com os amigos. E comprar e adular pets.
Mas não vivemos (ainda) no mundo Matrix onde tudo é digital (se bem que alguns já tentaram criar ambientes escapistas como Second Life, Metaverso e coisas parecidas).
Nossa vida é no concreto. E nela, a tecnologia é uma “importante coadjuvante” (meti-lhe aspas duplas nas duas palavras para dar destaque).
Os negócios se valem da TI. E muito.
Mas ainda não vi um pet tecnológico que substitua um gato ou cachorro mamífero (salvo estranhas aberrações como o Tamagochi).
Ah, antes que encerre…
Sim, se a TI parar, os negócios param. Como dizem que se o combustível parar, os negócios param. A eletricidade parar… Os transportes pararem… Se a produção de proteína animal parar… Se a segurança pública… E por aí vamos.
Mas isso não significa que a [TI|Combustível|Eletricidade|Transportes|Segurança pública|*] são o negócio.
Abrazon a todos e nos vemos em Passo Fundo (raríssima aparição pessoal),
EL CO