O chato e o apático

Todo departamento tem um. Se tiver sorte ao contrário, tem os dois ou mais.

O chato

Ele tem uma característica específica: é rebelde, questionador. Independente do tema, levanta hipóteses, por mais estapafúrdias possíveis.

Se a ideia do exercício é cada participante listar problemas no atendimento ao usuário (má comunicação, falta de ferramentas, falta de conhecimento etc.), o chato diz que o problema é quando não consegue resolver o problema do usuário.

Ou seja, ele distorce a missiva, mesmo as mais simples, para conseguir questionar e causar polêmica. E provoca um caminho recursivo até explicar que a solicitação foi malfeita.

Se o grupo, depois de horas de debate, apresentação das ideias, muito cafezinho e chimarrão, amenização das controvérsias, rabiscos no papel e no quadro branco, consegue chegar a um consenso final, ele exclama com satisfação e certa fleuma:

“- Ah, mas não concordo”.

Luis Fernando Verissimo escreveu sobre ele:

Tem o caso daquele chato com autocrítica que decidiu pedir ajuda, mas não sabia quem procurar. Chatice não se cura com remédios ou com exercícios, muito menos com cirurgia. Não existem clínicas para a recuperação de chatos. O que fazer? Nosso chato resolveu consultar um psicanalista.

– É que eu sou chato, doutor, e sei que sou chato.

– Deve ter alguma coisa a ver com sua mãe.

– Minha mãe? Por que minha mãe?

– É que na psicanálise sempre partimos da hipótese de que, seja o que for, a culpada é a mãe. Facilita o tratamento. Mas me fale da sua infância.

– Bem, na escola meu apelido era “Sarna”. Também me chamavam de “Desmancha Bolinho” porque assim que eu chegava num grupo, o grupo se desfazia.

Existem vários tipos de chatos.

O primeiro, de quem eu escrevia, quase beira um sofista (dicionário Houaiss: aquele que utiliza a habilidade retórica no intuito de defender argumentos especiosos ou logicamente inconsistentes).

O problema do nosso chato é que ele não tem conhecimento do assunto e se torna um desastre, menos na arte de provocar gargalhadas inesperadas nos outros.

O apático

O apático consegue ser pior.

Veio ao mundo, mas não queria. Detesta qualquer nova iniciativa e prefere ficar sentado atendendo chamados. Sem registrá-los.

Não usa a base de conhecimento, por que ela tem problemas (mas não ajuda, nem apontando esses defeitos, nem alimentando documentos).

O apático é perguntado no curso sobre algo e, ao contrário do chato que faz duas voltas no mundo em 2 minutos, chacoalha os ombros e diz: “Pra mim, tanto faz”.

O lance dele é, numa comparação grosseira, carregar caixas o resto da vida. O problema é que as caixas estão desaparecendo. E os robôs emergindo para lidar com as que sobraram.

Os dois são uma praga num centro de suporte técnico.

O resto eu não digo por que aquele que entende entre as linhas sabe o que fazer.

Quem não, capaz de exclamar: “O Cohen escreveu um texto chato. Ou nada a ver”.

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As vagas vão terminando…

Se perder, só em março do ano que vem (se a chefe não adiantar nossa morada na Grécia).

Se acelera e visita:

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Grande abraço a todos!

EL CO

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