O telefone é um canal de contato obsoleto para suporte técnico?

Essa semana liguei para o consultório do meu cardiologista – velho tem esse tipo de médico, logo citarei aqui geriatras e similares, hahaha – para marcar uma consulta.

Tô me sentindo tão velho que ainda lembro do tempo em que o cavalo de Troia era potro! (essa é do Millor, mas se não entendeu, vamos tentar a próxima tirada!)

E ninguém atendia nem pela manhã, nem pela tarde. Mas recomendava contatar via Whatsapp! E por essa ferramenta agendei a consulta com a atendente provavelmente em casa, bebendo chimarrão ou coisa parecida.

Isso mostra a dimensão de como vão as coisas.

Whatsapp: vocês vão ter que me engolir

Gostando ou não, parece que o suporte técnico, em especial aquele prestado para fora da empresa, migra para canais assíncronos.

Sim, o Whatsapp se tornou um canal assíncrono. Por que o atendente responde na hora que bem entender.

Se acho que o uso do Whatsapp melhorará a qualidade do atendimento?

Não creio.

Acho que piorará, mas tem aquela história do místico hindu:

Há uma parábola hindu do místico procurando sua chave no chão de uma rua.

Quando alguém tenta ajudá-lo a encontrar, essa pessoa pergunta onde ele, mais ou menos, deixou cair. “Na minha própria casa”, diz o místico.

“Então por que você está procurando aqui?” a pessoa pergunta.

O místico então explica: “Aqui tem mais luz.”

Todos estão zapeando – experimente contatar uma empresa de tecnologia por telefone.

Os gestores de suporte confortavelmente deixam de refletir a respeito e fazem como todo mundo. E ainda apontam empresas maiores que adotaram essa medida.

E justificada está a decisão.

Nem escreverei sobre os interesses comerciais da ferramenta a respeito, deix’assim…

Revanche

Há um certo sabor de revanche nisso.

Os gestores de suporte sempre sonharam que usuários abrissem chamados pelo sistema, sem telefonar, nem interromper os analistas de suporte.

A ideia era aumentar a eficiência interna.

Independente do horror que o cliente estivesse passando:

  • navio sem sair do porto e pagando multas altíssimas
  • caminhoneiro metendo revólver na cara do faturista por que esse não consegue imprimir a nota
  • vendedor de Mercedes apavorado por que o contrato não sai na impressora
  • ou simplesmente a internet cair no final do Big Brother 300

E agora, com o Whatsapp, volta essa imposição.

Com o benefício extra de estúpidos chatbots que desperdiçam um tempão de nossa vida na base da tentativa-e-erro para nos responder. Ou apresentando depois de algum tempo o abominoso “vou lhe mostrar o menu inicial novamente”.

Cohen, você ainda não disse por que acha o telefone melhor!

Ah, sim… Devaneios e considerações.

Antes de tudo: não sou contra o uso do Whatsapp. Acho útil, imagine alguém:

  • Filmando o erro na tela e enviando para o analista de suporte. Magnífico!
  • Da geração Z+ cujos dedos fazem parte de um smartphone (ou o contrário) contatando via ligação normal (nem sabe como isso funciona).

Acontece que, hoje, nossos técnicos são melhores em explicar algo ao telefone do que escrevendo.

Primeiro, se copiam-e-colam, muitas vezes não prestam atenção na mensagem original e fazem a mesma coisa que os chatbots burros. Produzem indignação e vontade de “não quero mais ser cliente de vocês desse jeito”.

Segundo, por que escrevendo não conseguem construir respostas e frases que mantenham um mínimo de concordância verbal e nominal,  nem coerência e coesão textual.

Resumo: não sabem redigir (aliás, tem curso sobre isso na plataforma 4HD.SPACE – Curso de Escrita e Redação para Help Desk e Service Desk).

A desenvoltura da maioria dos analistas ao se comunicar de forma oral é boa (sou um sujeito de esperanças). Por que é o primeiro método de comunicação decente que aprendem logo após nascerem.

Mas escrevendo, o bicho pega. Não elencarei os motivos, são questões socioeconômicas.

E é preciso lembrar que o Help Desk/Service Desk é a porta dos fundos de ingresso na área de TI. Assim o mercado considera.

Burramente por que quando acontecem aquelas questões lá de cima – e com boa frequência -, até o diretor precisa se envolver. Sic.

Portanto, o que fazer?

Existem empresas que creem firmemente que os analistas são ruins de escrita. Possuem torres com 400 analistas de suporte para atendimento telefônico. Claro, com essa quantidade, a rotatividade tende a ser alta, salvo raras exceções. A régua de contratação baixa e a má qualidade impera.

Há aquelas “modernas” que atendem somente via Whatsapp e geram o referido sentimento no cliente: “PQP, mas é só aparecer um concorrente com suporte melhor que me vou!”.

Recomendação do tio Cohen:

Acompanhe o bonde da modernidade. Mas não exclua o telefone.

Até que, pelo menos, as métricas indiquem que o povo está preferindo outros canais a este.

 

E claro, trabalhe para que essas métricas reproduzam as consequências de suas ações (melhore o chatbot, divulgue a base de conhecimento online, corrija os bugs, automatize mecanismos para dar menos trabalho ao usuário e por aí vai).

Abrazon!

Lembrem-se:

Existem 11 cursos esperando para capacitar todo o seu time de suporte técnico (e empresa como um todo).

Visite 4hd.com.br/4hd.space

Abrazon

EL CO

 

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