Yep, it’s it.
Há muito tempo, Peter Drucker cunhou a expressão “trabalhador do conhecimento” devido a uma nova característica que despontava no mercado de trabalho.
Não se tratava mais de “carregar caixas“, escolher boas máquinas e ferramentas para uso, mas usar o conhecimento para tornar o negócio mais produtivo, mais lucrativo.
Durante anos isso foi verdade, mas…
Chip Conley em um artigo da Harvard Business Review de agosto de 2024 aponta outra mudança: o conhecimento não é mais “o cara”.
O artigo é esse: Why “Wisdom Work” Is the New “Knowledge Work”
O ChatGPT e seus primos providenciam conhecimento pra você. Em um instante. No celular!
A questão fundamental agora é usar tudo isso com sabedoria.
Mudança demográfica
Essa conclusão se encontra na esquina com outro aspecto: o rápido envelhecimento da população.
O artigo destaca duas grandes mudanças demográficas no local de trabalho:
- Envelhecimento da força de trabalho
- Aumento de jovens em cargos de gestão sênior
OK, o Chip, autor do artigo tem 63 anos, então pode estar “sabiamente” puxando o fogo para seu assado. Quem tem churrasqueira no condomínio sabe: há uma só a ser dividida entre vários assadores, os quais assistem suas famílias famintas e gritando por comida feito sapinhos na lagoa. Ah, nunca viram uma lagoa. Aí é complicado.
É raro atualmente encontrar alguém de barba branca em cargo de comando intermediário nas empresas.
Aos poucos (ou rapidamente), são substituídos por jovens dotados, por natureza, de características diferentes e interessantes à função:
- Energia para fazer turno dobrado de trabalho
- Nascimento no ambiente digital (tem gente de gerações anteriores resistente à Instagram, TikTok e até Whatsapp)
- Mentalidade propensa à riscos e inovação
- Flexibilidade e adaptabilidade
- E por aí vai
Aliás, não vou escrever “mais experientes”. Vou usar “mais velhos” mesmo.
Não tenho paciência para eufemismos (Houaiss: palavra, locução ou acepção mais agradável, de que se lança mão para suavizar ou minimizar o peso conotador de outra palavra, locução ou acepção menos agradável, mais grosseira ou mesmo tabuística)
Chip aponta alguns aspectos interessantes em manter os velhos “em funcionamento” dentro da empresa/equipe em simbiose com os novos (apesar dos conflitos naturais que surgem).
Eis dois deles.
Transferência Intergeracional de Sabedoria
A combinação dessas mudanças pode ser vista como uma oportunidade para as empresas, se conseguirem facilitar a transferência de sabedoria entre gerações.
Exemplos de dicas dos mais velhos:
- “Quando estiver gerenciando um projeto, sempre tenha um plano de contingência. Aprendi isso depois de enfrentar imprevistos que quase comprometeram nossos prazos.”
- “Em situações de conflito, sempre ouça todas as partes envolvidas antes de tomar uma decisão. Isso ajuda a entender melhor o problema e encontrar uma solução mais justa.”
É quase um coaching interno.
Importância da Sabedoria
Como escrito, com o avanço da IA, existe menor demanda por conhecimento e um valor maior atribuído à sabedoria humana.
Ou seja, pessoas com grande memória ou capacidade de cálculos rápidos estão ficando de lado.
E aqui a gente entra em várias searas (a maioria delas envolvendo “gente”, claro):
- Hora da demissão. Como tomar a decisão de despedir alguém, compreender o impacto junto ao grupo e prover argumentação.
- Conflitos. eles podem ser melhor compreendidos por pessoas mais experientes (OK, os velhos!) que compreendem melhor as emoções.
- Desenvolvimento de pessoas.
- Negociação. Experiência e intuição humanas são essenciais para negociar acordos, entendendo o momento certo de ceder ou insistir.
Acho que você deveria ler o artigo do Chip. Com calma. Abandone o Instagram ou TikTok por 30 minutos em prol de sua carreira.
Quem é gestor precisa compreender os ares da mudança. E saber aproveitar não somente a IA, mas o envelhecimento demográfico a seu favor (em vez de apenas resmungar).
Abrazon
EL CO