Donos de pequenas empresas de tecnologia e gestores de suporte técnico enfrentam um dilema que os deixa hesitantes: treinar ou não treinar a equipe?
Como fornecedor de treinamentos e cursos, é comum me deparar com tal situação. No passado, ao ouvir isso, levantava os olhos para o céu e considerava mesquinho o impasse. Sempre gostei de estudar, aprender, aplicar os conhecimentos. Tal situação me parecia ridícula (só que esquecia que investia em mim, não em outros).
O impasse não é mesquinho e tem fundamentos. Explico o porquê.
O medo dos gestores é treinar colaboradores que, ao se tornarem mais competentes, sejam cobiçados por outras empresas e aceitem propostas externas, levando o investimento feito.
É como aquela música antiga de Pedrinho Rodrigues (tá, já sei, tem vários vieses discriminatórios nessa música, mas fique apenas com a arte):
Quando ela estava naquela
Pindaíba que fazia gosto
Não havia nenhum matusquela
Querendo olhar pro seu rosto
Hoje ela anda bonita
E vive no meu barracão
Um, dois, três
Fica assim de gavião, ôooi
No meu barraco, fica assim de gavião
Por que capacitar o time?
- Melhorar o serviço: funcionários bem treinados resolvem problemas de forma mais eficiente, evoluindo a qualidade do serviço.
- Motivação e Engajamento: investir em treinamento mostra o compromisso da empresa com o desenvolvimento profissional, aumentando a satisfação e a retenção de talentos.
- Inovação: a capacitação contínua incentiva a inovação e atualização tecnológica, mantendo a empresa competitiva.
E que inquietações pairam no investimento em capacitar?
- Risco de atrair a concorrência: profissionais qualificados atraem o interesse de outras empresas, aumentando o risco de perda de talentos.
- Custo: o investimento em treinamento pode ser significativo (mas veja só: na plataforma 4HD Space, o custo não é alto, nem mesmo para empresas de pequeno porte).
Porém, descobri que era uma reflexão muito rasa sobre o assunto.
Há outros medos, inconscientes e intangíveis
Permeiam a esfera do inconsciente; dá-lhe Freud!
E envolvem perdas intangíveis.
O que pode acontecer se colaboradores atuais deixarem a empresa?
- Conhecimento institucional: eles acumulam conhecimento sobre a cultura organizacional, processos internos e histórico da empresa. A saída deles impacta a continuidade das operações.
- Relacionamento com clientes: eles geralmente desenvolvem relacionamentos fortes com clientes, entendendo suas necessidades e preferências. Suas saídas afetam a confiança e a satisfação dos clientes.
- Dinâmica de equipe: A saída de um membro da equipe perturba a dinâmica de trabalho, abala a colaboração, a moral e a produtividade do grupo.
- Custo de recrutamento e treinamento: substituir um colaborador promove despesas para recrutamento, seleção e treinamento. E tempo para os novos colaboradores atingirem igual nível de competência. Isso se não forem mal contratados, o que fará a curva de custos acelerar significativamente.
- Inovação e criatividade: eles têm uma compreensão dos desafios enfrentados e contribuem com ideias inovadoras para resolvê-los (salvo as amebas, claro, essas apenas carregam caixas e com a saída destes você descobre que nem precisa mais de caixas). A perda desses cérebros impacta a capacidade de inovação da empresa.
Percebe?
Essa classe de perdas intangíveis tem consequências desastrosas na continuidade, no relacionamento com clientes, na dinâmica de equipe, nos custos operacionais e na capacidade de inovação da empresa.
Você me convenceu, Cohen: não treino! Reduzo o assédio externo e essas perdas intangíveis.
Mas peraí, será essa a melhor solução para o impasse?
Resumo
Nessa fase intermediária do artigo (ui que chique, m-e-o d-e-o-s!!) estamos assim sobre decisão de treinar ou não (independentemente do assédio):
- Treino o time: promovo equipes mais inovadoras, produtivas e leais, o que pode se traduzir em maior sucesso no mercado.
- Não treino o time: resulta em serviços obsoletos, baixa motivação dos colaboradores e, eventualmente, perda de competitividade.
Treino então, mas como mitigar o assédio externo?
Tá bom, Cohen. Mudei de ideia novamente.
Treino o time. Talvez até contigo.
E como lidar com “o meu barraco fica assim de gavião” (lembra da música lá de cima)?
Para lidar com o assédio nos colaboradores capacitados, a empresa deve se planejar. Embora um ambiente de startup valorize liberdade e aceitação da desordem, a organização é essencial.
Mas fique esperto, mesmo sem capacitar seus colaboradores, ainda assim alguém que se destaca pode sofrer assédio ou buscar novas oportunidades.
Por isso é bom ir pensando em:
- Criação de plano de carreira: oferecer oportunidades claras de crescimento e desenvolvimento dentro da empresa para torná-la mais atraente para os colaboradores, reduzindo o desejo de prospectar oportunidades externas.
- Ambiente de trabalho positivo: essencial para retenção de talentos, deve ser saudável, inclusivo e estimulante. Valorizar contribuições, respeito, inclusão, comunicação aberta, colaboração, aprendizagem e reconhecimento aumentam satisfação e lealdade. Isso parece um “xalalá” corporativo, mas não é. É atribuição do gestor.
- Reconhecimento e recompensas: implementar programas de reconhecimento e recompensas para os colaboradores. Veja mais no meu curso de Gestão de Serviços.
- Pacotes de benefícios atraentes: oferecer pacotes de benefícios competitivos como planos de saúde, flexibilidade de horários, oportunidades de trabalho remoto etc.
- Comunicação aberta: manter canais de comunicação abertos entre gestores e colaboradores para discutir expectativas, preocupações e aspirações pode ajudar a identificar e abortar (palavrinha muito em voga hoje em dia) proativamente questões que levem à busca de oportunidades externas.
Conclusão final
O medo de perder talentos para a concorrência é compreensível e expliquei duas classes de motivos: a) os óbvios e os b) intangíveis.
Mas treinamento contínuo dos seus colaboradores é fundamental para o sucesso de sua empresa.
Acompanhe meu raciocínio: se você tem gente dentro dela é por que, de certa maneira, terceirizou algumas atividades (de suporte, cobrança etc.). Ou seja, não consegue fazer tudo sozinho.
E neste caso, ninguém gosta de ter um fornecedor “terceirizado” incompetente. É preciso investir nele para receber um serviço melhor e repassar essa qualidade aos seus clientes. É uma cadeia de entrega de valor.
(Se ficou confuso, posso desenhar)
Relembrando os benefícios do treinamento — pra quem tem TDAH e leu 1/3 do texto:
- Melhora da qualidade do serviço: colaboradores bem treinados oferecem um serviço de melhor qualidade, o que aumenta a satisfação do cliente e a reputação da empresa.
- Aumento da produtividade: a capacitação leva a uma maior eficiência e produtividade, à medida que os colaboradores aprendem a realizar suas tarefas de forma mais eficaz.
- Inovação e crescimento: o treinamento contínuo incentiva a inovação e o desenvolvimento de novas ideias, mantendo a empresa competitiva no mercado.
- Retenção de talentos: embora exista o risco de perder colaboradores treinados para a concorrência, empresas que investem no desenvolvimento de seus funcionários têm taxas mais altas de retenção de talentos, pois os colaboradores valorizam o compromisso da empresa com o seu crescimento profissional.
- Adaptação a mudanças: num ambiente de negócios em constante mudança, o treinamento ajuda a garantir que os colaboradores estejam atualizados com as últimas tendências e tecnologias, permitindo que a empresa se adapte rapidamente a novos desafios.
Escrevendo sobre treinamento, duas dicas
Claro, preciso também facilitar ainda mais a vida de vocês, por que tio é assim mesmo.
Duas dicas:
- Plataforma 4HD Space — 13 videocursos por valor único, com desconto para clientes ADDEE e Milvus
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Abrazon,
EL CO