Se Deus me permitir (e minha esposa também, claro) não escrevo mais sobre ITIL no blog.
No início de dezembro (2021) recebi um email da AXELOS me convidando a descontinuar meu curso de ITIL ou sofreria penas legais.
Eu que sou mais medroso que cascudo (tipo besouro, não tipo peixe ou jogador de futebol) atravessando galinheiro imediatamente desliguei o mesmo.
Não o criara por que simpatizava com a ITIL 4, mas alguns clientes pediam algo assim…
Das origens da ITIL
Pouca gente sabe, até por que nem tinha nascido ainda: a biblioteca ITIL, a mais conhecida das melhores práticas de TI, surgiu nos anos ’80 como uma demanda de empresas públicas britânicas para organizarem suas áreas de TI.
Cada uma fazia do seu jeito e quando se conversavam para trocar ideias, era uma babel dos diabos.
Para ter uma noção, uma empresa falava chamado. Outra, ticket. A terceira, pedido. A quarta, ocorrência. E isso para significar o mais básico: o pedido de ajuda.
Estabeleceram então algumas ideias – excelentes, diga-se de passagem – e compartilharam com o mundo para que esse conhecimento se retroalimentasse com a inteligência dos vários cantos do planeta.
Esse arranjo dos fundamentos ajudou muita gente. Logo se alastrou por todo o globo.
Não vá ter um faniquito ao ler a palavra globo. Muito antes da Rede Globo se chamar assim, já existia um uso para esse termo.
Controle de Inventário, de incidentes, problemas, a distinção entre um incidente e uma requisição e outras questões foram descritas e explicadas. Quase em pormenores. Mas não muito de tal forma a permitir flexibilidade por cada um que desejasse implementá-la.
Assim, empresas pequenas e grandes usavam aquilo que lhes interessava.
Por exemplo, as pequenas áreas de TI não viam muito interesse em gerenciamento financeiro – queriam primeiro o básico -, pois nem tinham tanta gente para isso. As grandes absorviam tudo.
The New World
As novas versões foram surgindo e trazendo aperfeiçoamentos.
Porém quando a ITIL 3 foi lançada se baseava numa descrição de um passado que se deparou com um mundo diferente, pois esse estava em rápida evolução. A velocidade de descrição não se adaptou com essa rapidez das mudanças.
Exemplo: gerenciamento de capacidade era algo estranho, pois se podia contratar mais espaço em disco numa plataforma feito Amazon, Google ou Microsoft de forma quase automática.
E de certa maneira, o “hype” estava fiando démodé (obsoleto).
Do meu curso
O meu curso compunha a plataforma 4HD.SPACE.
Fiz para ajudar os novatos a compreenderem a importância de processos (que na versão mais recente da ITIL foram rebatizados de práticas).
Mas nunca gostei de prender meus cursos a marcas ou versionamentos. Isso literalmente escraviza criadores de conteúdo à efemeridade de algo.
Alguns se dão bem, como Renê Chiari que ganha montanhas de dinheiro com cursos dessa temática.
Outros, como Ivan Luizio Magalhães, autor do best-seller Gerenciamento de Serviços de TI na Prática, sofrem um pouco mais para adaptar as 600 páginas do seu livro para versões mais modernas. Ou nem readaptam.
Axelos
Até onde eu saiba, a marca ITIL é da Axelos.
E respeito esse direito de propriedade. Pagou para ter, coordenar e lucrar com ITIL.
Pode fazer, por exemplo, o que fez comigo.
“Quer usar meu nome, paga.”
Simples assim, OK. É justo.
A questão
Mercadologicamente eu acho que tem boi na linha.
A ITIL criou um vasta mercado por que trazia algo bom e facilitava o acesso.
Pessoas criavam conteúdo e quando alguém queria certificação, procurava as fontes oficiais. Grandes empresas só queriam fontes oficiais para treinamento.
Ou seja, o burburinho causava, na medida que o profissional amadurecia, a necessidade de legitimar seu conhecimento com uma certificação. Sempre oferecida pela entidade oficial.
Só que parece que a fonte está a secar.
O bicho está se autodevorando na busca pela sobrevivência.
O que acarretará sua própria morte, na minha humilde opinião.
Acho que já era
Ainda tem muita gente buscando ITIL.
É a curva inercial da difusão de inovações, mas vale pra qualquer concepção similar.
Existem os apressados que desejam e pagam pela novidade, ainda que com problemas. E aqueles que chegam muito tempo depois para pegar algo estável (e provavelmente defasado).
Mas a ITIL ficou muito complexa e, na minha opinião, confusa.
Recebeu certas “gorduras” para forjar uma adaptação aos tempos modernos que dão um nó na cabeça de qualquer estudante para visualizar a praticidade desse conhecimento.
De minha parte, deu!
Melhores práticas são legais.
Só que tenha em mente que elas padronizam um passado.
O qual geralmente é diferente do momento atual.
Sudae.
Beijos e obrigado por ler meu desabafo.
Ah, a ITIL é legal. Quem vier com pedras saiba que reverencio o conhecimento estudado nela.
Porém, a estratégia não está legal.
Afasta criadores de conteúdo que geralmente fomentam um mercado de interesses que o fazem crescer mais e mais.
Boa semana a todos,
EL CO