Bah! Sobrou tempo para leitura e aprendizados durante este período de pandemia, mas…
Surpreendentemente não li muito, em função da escrita de meu novo livro Base de Conhecimento para Help Desk e Service Desk.
Mas isso não significa que tenha encalhado em meus aprendizados!
Vamos aos livros:
De zero a um – o que aprender sobre empreendedorismo com o Vale do Silício
Na verdade, foi uma releitura do De zero a um. Havia lido em inglês, agora em português.
A obra é de Peter Thiel, fundador do Paypal, Palantir e outras empresas. Ele literalmente esculhamba com a noção de livre concorrência e outras visões românticas sobre livre mercado. Algumas citações:
- Cada momento nos negócios ocorre uma só vez. O próximo Bill Gates não criará um sistema operacional. O próximo Larry Page ou Sergey Brin não desenvolverá um mecanismo de busca. E o próximo Mark Zuckerberg não fundará uma rede social. Se você está copiando essas pessoas, não está aprendendo com elas.
- O monopólio é a condição de todo negócio bem-sucedido.
- Monopólio criativo significa produtos novos que beneficiam a todos e lucros sustentáveis para o criador. Concorrência significa ninguém lucrando, nenhuma diferenciação significativa e uma luta pela sobrevivência.
- Em termos simples, o valor de uma empresa hoje é a soma de todo o dinheiro que ela ganhará no futuro.
- Mas sair na frente é uma tática, não uma meta. O que realmente importa é gerar fluxos de caixa no futuro, de modo que ser pioneiro não traz nenhum benefício se outra pessoa aparecer e o desalojar. É bem melhor ser o último – ou seja, fazer o último grande progresso num mercado específico e desfrutar anos ou mesmo décadas de lucros monopolistas.
The Effective Executive
Esse livro – The Effective Executive – é de autoria de Peter Drucker e foi escrito em 1967, muito antes de 90% dos meus leitores terem nascido, hehe.
Porém… É algo como a Bíblia. Sempre tem algo interessante e valioso para quem inicia na carreira ou é gestor experimentado. Dê uma olhada:
- A primeira prática é perguntar o que precisa ser feito. Observe que a pergunta não é “O que eu quero fazer?”.
- Os executivos são fazedores; eles executam. O conhecimento é inútil para eles até que seja traduzido em ações.
- Bons executivos focam em oportunidades; não em problemas. Problemas precisam ser resolvidos, é claro. Mas a solução de problemas, por mais necessária que seja, não produz resultados. Previne danos. Explorar oportunidades produz resultados.
- Eficácia, em outras palavras, é um hábito; um complexo de práticas. E práticas sempre podem ser aprendidas.
- A causa mais comum de falha do executivo é a incapacidade ou falta de vontade de mudar com as demandas de uma nova posição. O executivo que continua fazendo o que fez com sucesso antes de ser promovido está quase fadado ao fracasso.
Inteligência Artificial – Como os robôs estão mudando o mundo, a forma como amamos, nos relacionamos, trabalhamos e vivemos
Kai-fu Lee trabalhou na Apple, Google e Microsoft. O sujeito é um dos expoentes no assunto inteligência artificial no mundo. Ele revela o novo (ecs, novo normal, novo mundo) mundo que se descortina no seu livro Inteligência Artificial. Apresenta um histórico do Deep Learning, as eras da inteligência artificial etc. Alguns excertos:
- Os empreendedores bem-sucedidos da internet chinesa chegaram onde chegaram conquistando o ambiente competitivo mais cruel do planeta. Eles vivem em um mundo no qual velocidade é essencial, a cópia é uma prática aceita e os concorrentes não hesitam em fazer qualquer coisa para conquistar um novo mercado. A única maneira de sobreviver a essa batalha é melhorar constantemente o produto, mas também inovar em seu modelo de negócios e construir um “fosso” em torno de sua empresa.
- Startups do Vale do Silício crescem num tipo de ambiente motivadas por uma missão. Em contrapartida, a cultura de startups da China é o yin do yang do Vale do Silício: em vez de serem motivadas por uma missão, as empresas chinesas estão, em primeiro lugar, voltadas para o mercado. O objetivo final delas é ganhar dinheiro, e estão dispostas a criar qualquer produto, adotar qualquer modelo ou entrar em qualquer negócio que realize esse objetivo.
- A China já está muito à frente dos Estados Unidos como o maior produtor mundial de dados digitais, uma diferença que está aumentando a cada dia. As gigantes do Vale do Silício estão acumulando dados de sua atividade em suas plataformas, mas esses dados concentram-se fortemente em seu comportamento on-line, como pesquisas feitas, fotos carregadas, vídeos do YouTube assistidos e posts “curtidos”. Em vez disso, as empresas chinesas coletam dados do mundo real: o quê, quando e onde das compras físicas, refeições, reformas e transporte.
Tolerância
Tolerância é livro de Roger-Pol Droit. Publicado na França em 2016 e bem atual para nossos tempos onde a “intolerância” pega firme em todos os meios digitais, rodinhas de amigos e tal. Parece que estamos polarizando cada vez mais nossas opiniões. Não só no Brasil, mas em boa parte do mundo.
- Por trás das redes sociais, por trás do celular, por trás dos dedos, há um ser humano intolerante, convicto de que as únicas verdades são as suas.
- Apesar de tudo, a noção moderna de tolerância tem uma história ligada ao cristianismo e às guerras de religião do Renascimento.
- Tolerar os gostos dos outros é fácil. Tolerar outras verdades fundamentais diferentes das nossas é difícil.
- A tolerância tem necessariamente limites.
- Não se interessar pelos outros é também uma maneira de ser tolerante. Menos animada, menos calorosa, concordo, mas o importante é não transformar as diferenças em confrontos. Pode se resignar, simplesmente, à presença dos outros e a seu modo de viver. Mas ainda assim é uma forma de tolerância, mesmo que seja a menor, a menos calorosa.
O efeito gatilho
O efeito gatilho foi escrito pelo reconhecido coach norte-americano Marshall Goldsmith. A sua ideia é que devemos aprender a lidar com os gatilhos que nos induzem, dentro do ambiente profissional, a condutas que não trazem os melhores resultados. E claro que pode ser transposto para nossa vida pessoal.
- Não conseguimos admitir que é preciso mudar – ou porque não temos consciência de que uma mudança seria desejável ou porque, mais provavelmente, estamos cientes disso, mas elaboramos desculpas racionais para negar a necessidade de mudança.
- Recorremos a um conjunto de crenças que apertam o gatilho da nossa negação, resistência e, em última análise, do nosso autoengano.
- O ambiente é uma máquina magnífica de redução da nossa força de vontade.
- A premissa de Hersey e Blanchard é de que os líderes precisam adaptar seu estilo para ficar em sintonia com o perfil e desempenho dos membros de sua equipe. Esse perfil e desempenho varia de pessoa para pessoa e também por tarefa.
- A frase de Peter Drucker ficou famosa: “Metade dos líderes que eu conheço não precisam aprender o que fazer. Eles precisam aprender o que parar de fazer”.
Em busca de sentido
Acho que é a décima vez que releio o livro Em busca de sentido de Viktor Frankl. Volta e meia leio uma obra que faz referência a uma nova interpretação das palavras de Viktor. Isso abre uma porta secreta que não imaginava existir e lá vou eu reler o texto original.
O autor foi um sujeito que sobreviveu aos campos de concentração nazistas e de uma maneira muito peculiar, o que lhe ajudou a ultrapassar de uma forma bem-sucedida as agruras e absurdos do ambiente (falta de comida, falta de roupas, abusos físicos e todos os terrores).
- No campo de concentração todas as circunstâncias conspiram para fazer o prisioneiro perder seu controle. Todos os objetivos comuns da vida estão desfeitos. A única coisa que sobrou é “a última liberdade humana – a capacidade de escolher a atitude pessoal que se assume diante de determinado conjunto de circunstâncias“.
- Também o humor constitui uma arma da alma na luta por sua autopreservação.
- A experiência da vida no campo de concentração mostrou-me que a pessoa pode muito bem agir “fora do esquema”. E mesmo que tenham sido poucos, não deixam de constituir prova de que no campo de concentração se pode privar a pessoa de tudo, menos da liberdade última de assumir uma atitude alternativa frente às condições dadas.
- Nietzsche: “Quem tem por que viver aguenta quase qualquer como”.
- O que o ser humano realmente precisa não é um estado livre de tensões, mas antes a busca e a luta por um objetivo que valha a pena, uma tarefa escolhida livremente. O que ela necessita não é descarga de tensão a qualquer custo, mas antes o desafio de um sentido em potencial à espera de seu cumprimento.
A bailarina de Auschwitz
Edith Eger é o nome da autora da biografia A bailarina de Auschwitz. Veja que é outro livro parecido com “Em busca de sentido” que li durante esse período de pandemia. Situações nada similares com campos de concentração, mas de certa maneira a pandemia também é um ambiente de restrição de liberdade (no caso, durante a pandemia, por conta própria), dificuldade de obter sustento e tudo o mais.
Edith Eva Eger era bailarina e ginasta até os 16 anos na Hungria, quando foi despachada a Auschwitz com sua família. Seus pais foram enviados à câmara de gás, mas ela e a irmã sobreviveram. Edith foi encontrada pelos soldados americanos em uma pilha de corpos dados como mortos. Trechos de uma entrevista ao Estadão:
- Eu posso te inspirar a entender que não é o que está acontecendo que importa. O que importa realmente é a maneira como você vê as coisas. Então, eu gostaria de ser sua oftalmologista e lhe dar uma perspectiva diferente. De que não existem problemas no mundo. Não há problemas, há apenas desafios. E não há falhas, há apenas transições.
- Sabe, todos nós temos um Hitler dentro de nós e ao mesmo tempo temos bondade e gentileza.
- Essa é nossa responsabilidade e nossa luta: compreender nossas próprias expectativas versus tentar atender as expectativas dos outros. Meu pai se tornou um alfaiate porque o pai dele não permitiu que ele se tornasse médico. Meu pai era bom na sua profissão, era recomendado e premiado pelo seu trabalho, mas nunca quis aquilo e sempre lamentou seu sonho não realizado. É nossa responsabilidade agir em nome de nosso verdadeiro eu. í€s vezes isso significa abrir mão da necessidade de agradar e obter a aprovação dos outros.
Nossa cultura, ou o que restou dela
O autor de Nossa cultura é Theodore Dalrymple. Bem, o livro na verdade é uma reunião de vários artigos desse médico psiquiatra e escritor britânico. Peguei da Wikipedia:
Em seus escritos, Daniels argumenta que as visões socialmente liberais e progressistas prevalecentes nos círculos intelectuais ocidentais minimizam a responsabilidade dos indivíduos por suas próprias ações e minam os costumes tradicionais, contribuindo para a formação de uma subclasse afetada por violência endêmica, criminalidade, doenças sexualmente transmissíveis, dependência de bem-estar e abuso de drogas.
Excertos:
- Retirar a responsabilidade individual dos atos dos indivíduos, eis uma das barreiras mais importantes que acabou enfraquecida ou derrubada no mundo moderno. As teorias que transformam todo criminoso em vítima de forças maiores, da “sociedade”, ou o relativismo moral que proíbe julgamentos objetivos, contribuíram sobremaneira com o avanço do mal nas sociedades ditas civilizadas.
- O paternalismo cria uma legião de “crianças” mimadas, petulantes, que demandam mais e mais e nunca aceitam se implicar em seus problemas.
- Descobri que a única coisa pior que ter uma família é não ter uma família.
- Nenhuma quantidade de anos na prisão se equivale ao assassinato e à tortura de crianças: caso isso fosse possível, o período de detenção poderia ser antecipado, e a pessoa, quando o tivesse cumprido, estaria autorizada a cometer crimes.
- Em outras palavras, é preciso colocar restrições sobre nossas inclinações naturais, as quais, se deixadas ao seu próprio capricho, não nos levam automaticamente a fazer o que é bom para nós; mas, de fato, geralmente nos conduzem ao mal. Essas restrições não são apenas necessárias, mas trata-se de uma condição indispensável para a existência civilizada.
Títulos adicionais
Tem um monte de outros títulos em leitura:
- 21 letters on life and its challenges – Charles Handy
- O método Bullet Journal – Ryder Carrol
- Mais Seneca, menos Prozac – Clay Newman
- The Passion economoy – Adam Davidson
- Filosofia para a vida – Jules Evans
- Foco – Daniel Goleman
- Uncommon Service – Frances Frei
- 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo – Ha-Joon Chang
- Um cavalheiro em Moscou – Towies Amor
- Superprevisões – Dan Gardner
- O poder das circunstâncias – Sam Sommers
- Inside the Nudge Unit – David Halpern
Como estão bem adiantados, até o final do ano teremos novo resumo aqui, hehe.
Lembretes
Ainda use máscara!
E não esqueça que em 09-10-12 de dezembro, nova edição do curso Gestão de Serviços para Help Desk e Service Desk.
Será em São Paulo e com adoção dos protocolos sanitários – a) medição de temperatura na entrada, b) máscara para todos os alunos e trocadas de 2 em 2 horas e c) álcool gel.
Saiba mais em www.4hd.com.br/calendario.
Por que a vida não pode parar (desde que tomemos os cuidados necessários!).
Abrazon e tudo de bom a vocês,
EL CO