GOL, lições do cotidiano e você

Há alguns dias viajei de São Paulo para Porto Alegre via GOL. Vinha bem feliz, empacotadinho num assento de terceira classe e mais apertado que abraço de louco.

Um tanto desanimado por que a empresa alterou seu esquema de embarque. No passado, depois que todas as prioridades embarcavam, era a vez do povo.

Primeiro, os das poltronas 16 em diante. Depois da 6 até a 16. Logí­stica para evitar tranqueiras: a tia da poltrona 10 ficar ajeitando 15 minutos sua bagagem e com isso brecando o povo do fundão. Como consequência, o horário de decolagem atrasava.

Agora mudou.

Primeiro avançam todos que estão sem bagagem de bordo.

E por fim os miseráveis que decidiram não pagar as extorsivas taxas para despacho de malas e levam-nas a bordo (deviam nos conceder prêmios pela capacidade excepcional de compactar um guarda-roupas inteiro dentro de uma malinha).

Um constrangimento chato a meu ver, mas…

Voltemos ao tema…

Encaixado numa poltrona de corredor – descobri que este ponto virou o pior lugar nas filas, pois o espaço das pernas é mí­sero “, decidi passar o tempo folheando a revista de bordo e…

Opaaa…

“Tem bagulho bom aí­” como cantava Legião Urbana no seu “Faroeste Caboclo”.

No meu caso, em vez dos malucos gritarem isso, foi eu. Pro blog, claro.

Vejam o texto:

Para garantir mais comodidade e autonomia, e fazer com que você ganhe tempo, nosso embarque no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, agora conta com o novo serviço Bagagem Expressa – Despache Você Mesmo.

E por aí­ vai.

Espie na imagem ou baixe a revista inteira em…

Revista GOL – Outubro de 2018

Tá falando sério?

Estou lendo um livro intitulado Subscribed do Tien Tzuo.

Um sujeito que sacou a economia recorrente logo no iní­cio e criou uma empresa para gerenciar essas cobranças repetidas.

Na obra, concomitante ao surgimento do Customer Success, ele expõe a dificuldade de fornecedores antigos que se recusam a mudar para a dita “transformação digital“.

Revela como as fabricantes de automóveis perceberam que a economia de serviços sobre seus veí­culos ERA O DOBRO do que ganhavam vendendo carros. E a chuva de novos formatos de ofertas que passaram a oferecer (Chevrolet com o sistema Onstar, etc.).

Em tempos em que é importante paparicar e FACILITAR a vida do cliente, a GOL nos induz ao contrário. Diz subliminarmente, nas entrelinhas:

Meu, minha operação tá ficando cara, mesmo cobrando pelas malas. Então quem sabe você faz o serviço que um funcionário meu precisaria fazer?

Hein?!

Agora preciso etiquetar e despachar minha mala do avião?

Essa de despachar a mala com certeza não é uma comodidade.

Pense na tia que vem com cinco malas. Na mãe com três filhos e…

OK, você vai dizer: essas vão na fila normal (se continuar existindo). OK 2, já sei que no exterior é assim. Já sofri no aeroporto da Holanda pra etiquetar e enfiar nossas malas num tubo. Idem tá rolando em Lisboa.

Mas peraí­… Isso não é confortável para nós, passageiros!

Por que fazem isso não significa que estejam certos!

No seu Service Desk

Algo similar acontece nos centros de suporte: obrigam o cliente/usuário a preencher o questionário na WEB, caso contrário não será atendido.

Mas é o mesmí­ssimo procedimento que a GOL faz.

Faz sentido impor um ônus a quem paga o salário do centro de suporte?

Você (se o chapéu servir), em vez de facilitar a vida dele (cliente), obriga-o a preencher telas onde ele provavelmente:

  1. não registra adequadamente as informações necessárias
  2. não tem paciência
  3. quer ver seu problema resolvido logo!

E você afirma: é para “garantir que tudo fique registrado”.

Ora pois, isso é uma danação. Você se dá conta disso?

Olha o tio avisando dos novos tempos…

Movimento global

Há um movimento generalizado para facilitar a vida do cliente. Fornecedores espertos pensam assim.

A Amazon facilita compras com apenas um clique. O Uber decora seu último destino e, se você chamar um veí­culo daquele endereço, ele nem pergunta onde você está.

Ah, caramba… Lembrei doutra mancada.

A GOL sabe que onde moro. Ou deveria, pois meus voos sempre saem de Porto Alegre e voltam pra cá. E ela periodicamente me bombardeia com barbadas de voos para Florianópolis.

MAS NENHUM SAINDO DE PORTO ALEGRE. Todos de São Paulo, Rio, etc.

Então pra que me envia? Pra me irritar – vejo que não tem barbada pra mim no e-mail recebido- e ainda precisarei limpar a caixa postal.

Ah, voltemos ao tema (sujeito com TDAH tem disso).

A ideia é simplificar a vida para que a “customer experience” seja a melhor possí­vel.

Não é aumentar a produtividade do fornecedor valendo-se de aumento na carga de esforços do seu cliente.

Paulo Guedes

Dizem que este deverá ser o ministro da Economia/Planejamento/etc.

E ele está avisando: acabou o mole para os oligopólios. (Até pode não ser verdade, veremos). Oligopólio é quando poucos mandam no campinho. Tipo Gol, Azul e TAM.

Onde estão as empresas aéreas estrangeiras? Não podem atuar no pedaço.

Como podemos, nós clientes, usar um serviço do tipo “Pague uma mensalidade e voe quanto quiser?”

All-you-can-fly membership models are slowly catching on

Curiosamente, as indústrias estão resmungando por que alguns subsí­dios vão sumir. Assim como proteções. Afirmam que produtos estrangeiros (China) chegarão bem mais baratos que os nacionais. E isso produzirá desemprego.

Ora pois, brasileiros, acelerem-se e deem um jeito de melhorar e se aperfeiçoar.

Em especial a vida dos clientes. GOL idem. Seu centro de suporte idem.

Centro de suporte?

www.4hd.com.br/calendario

O endereço acima é onde você inscreve seu supervisor de suporte para o curso de GESTÃO DE SERVIÇOS PARA HELP DESK E SERVICE DESK de fevereiro de 2019.

Mas atenção: são apenas NOVE vagas.

Se 2018 não foi seu ano, faça 2019 ser.

Esta capacitação faz pensar, provoca e ajuda a mudar comportamento. Além de transmitir conhecimentos, claro.

Abrazon e nos vemos em breve.

EL CO

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