Meu caro amigo Ricardo Mansur escreveu um artigo no seu blog e aqui vai minha réplica.
Bem, a réplica segue estilo crossposting por que no blog dele é impossível inserir um comentário sem passar por identificação da íris, senha com doze códigos e, finalmente, passar por aprovação prévia antes de ser (algum dia) publicado.
O link é este: A mentira vende?
Resumo do artigo mansuriano
Mansur foi comprar uma impressora a laser numa loja. O pobre vendedor, para sua infelicidade, não soube explicar através de métodos cartesianos e estatísticos qual seria a melhor compra.
Segundo caso: um empreendedor não recebeu o investimento que desejava por que resvalou matematicamente nos cálculos diferenciais sobre lucro e resultados ao investidor. Isso no programa Shark Tank Brasil (agora conheço ao menos uma pessoa que assiste esta pantomima).
Vamos aos fatos
Sob minha ótica, é claro!
Quem é da área de TI não visita uma loja para comprar impressora. No máximo passeia nela. E avalia trocentos comparativos via internet para finalizar sua compra num site de ecommerce.
Quem se desloca até uma loja para comprar quer assunto.
Esperar que um vendedor explique detalhes estatísticos está, ou procurando assunto para blog, ou jogando pérolas aos porcos (ou o contrário: esperando que eles lhe devolvam). Por que nem um profissional de fabricação de impressoras saberia isso, dado que se enfiam nos assuntos técnicos e passam à margem dos conceitos econômicos e financeiros.
E se fosse para comparar produtos, ele sempre deveria defender o seu peixe, a sua marca. E no caso o vendedor, para indicar aquela quelhe dá mais comissionamento ou uma premiação de viagem.
Quem compra algo, normalmente já escolheu o que deseja e apenas racionaliza sua decisão com algum tipo de explicação.
Se alguém souber me explanar em detalhes concisos e lógicos os motivos pelos quais escolheu um Cruze e não um Civic, Jetta, Sentra ou Corolla, baaaah!
Ou trabalha na fábrica ou viaja na maionese.
Aliás, os neurocientistas afirmam que a emoção faz parte do processo de raciocínio e da tomada de decisão (Damásio). De maneira que nada seria rigorosamente matemático.
E nem entrarei no viés de Daniel Kahneman (psicólogo ganhador do Nobel de Economia) que embrulha tudo e explica a mixórdia de erros de discernimento e juízo que fazem as pessoas tomarem decisões, a princípio, erradas.
Apesar de presumirem que estão certas, hahaha.
Reduzir nosso sofrimento
No passado escrevi aqui no blog – mas estou sem vontade de procurar o link – sobre uma situação inusitada ocorrida comigo. Um amigo paulista me deu 2x o cano (no sentido figurado). Isso em São Paulo é catastrófico. Emocional e logisticamente. Por que se deslocar até um ponto de encontro, sofrer no metrô ou no ônibus, esperar 2h para o sujeito não aparecer é foda chato.
Para se desculpar, deu-me uma garrafa de uísque. Bebida que não aprecio, haha.
Lamentei-me profundamente com minha esposa, psicóloga, e ela me forneceu 1/2 sessão de graça (a outra cobrou uma garrafa de vinho, judia que é).
Disse ela: “— Por que sofres com ele? Por que insistes?” e respondi “— Por que gosto dele!”.
“— Então aceita-o como é ou o abandona para evitar o sofrimento”.
Optei pela segunda opção; nessa vida a gente transborda de incômodos e aflições, amontar esse tipo de coisa intoxica a gente. E a família.
Os filósofos estoicos diziam algo assim:
A felicidade e a liberdade começam com a clara compreensão de um princípio: algumas coisas estão sob nosso controle, outras não. Só depois de lidar com essa questão fundamental e aprender a distinguir entre o que você pode e o que não pode controlar, é que a tranquilidade interna e a eficácia externa se tornam possíveis.
Ou seja, não faz sentido se aborrecer com aquilo que está fora de nosso controle. Nada podemos fazer mesmo.
Mais do mesmo:
Um conhecido me adicionou a um grupo de WhatsApp com 256 especialistas em atendimento.
Diariamente, em vez de usarem o mecanismo para debates e solução de problemas, a maioria lota o grupo com exemplos bem-sucedidos e malsucedidos de atendimento.
Debates? Hahaha, aí o furo é mais embaixo…
Que posso eu fazer? Suportar pacientemente o volume diário de links até que um dia apareça um cérebro corajoso e disposto a arriscar sua opinião.
Conclusão
Nobre, Mansur:
Schopenhauer dizia:
Os humanos que lutam para encontrar a felicidade alcançam, na melhor das hipóteses, satisfação e na pior, dor e sofrimento.
Receba esse humilde conselho do amigo e nunca mais pergunte ao atendente da mercearia se os ovos são oriundos de galinhas transgênicas ou se foram alimentadas com grãos oriundos da Dinamarca. Salvo se quiser se divertir.
Mais: Um EMPREENDEDOR não é um empresário.
Zuckerberg nunca imaginou como ganharia dinheiro com o Facebook e qual seria sua taxa de lucro real e o EBITDA. Só queria fazer acontecer.
Pra dar continuidade (e lucratividade) ao negócio é preciso um EMPRESÁRIO.
Ou ele empreenderá dentro do negócio que ainda não se fortaleceu.
Sobre detonar empresas mentirosas: significa que você nunca mais entrará num prédio ou estádio construído pela Odebrecht, fará ressonância magnética num aparelho Siemens, assistirá a jogos da FIFA, etc.?
Por que todas estas empresas mentiram ao corromperem elementos e desfilarem como honestas.
Condenado!
Yes, my friend.
Você está condenado ao sofrimento se não aceitar a realidade e humanidade como ela é.
Salvo se for pra gerar assunto no blog. Por que daí gera pra mim também e apoio seu comportamento completamente (apesar de que não apontou soluções também).
Abrazon a todos, muy bueno feriado.
EL CO