Previsões certeiras de um incompetente oráculo
Antes de tudo, perdoem-me pela longa ausência no blog.
Minha esposa arrastou-me para o mais longo e demorado período de férias em toda a minha miúda vida (os motivos, meus ex-alunos o sabem).
Fomos para a península ibérica ver castelos, castelos e castelos. Nada que eu já não tivesse visto em Game of Thrones ou em outra produção de qualquer estúdio cinematográfico de meia tigela.
Visitei o Oceanário de Lisboa, o castelo de São Jorge na mesma cidade, a cidade encastelada de Évora, o castelo dos Mouros em Sintra, o castelo do…
PQP!
A única coisa legal foi assistir uma tourada que também merece seus descontos (era com novilhos e não com touros, mas se os novilhos são assim, fico a imaginar os touros; exibição para turista ver, daí que, hummm…).
Vou produzir um vídeo dessa experiência. Desde o touro derrubando o cavalo do picador, levantando aos ares o toureiro e deixando-o sem sapatos até a cena final em que o touro ajoelha e morre e o toureiro (outro, não o do vexame dito antes) recebe acenos de lenços brancos e flores.
Do mundo que vem aí
Terminator: Genesys. Simples assim.
Hoje existem na internet mais de 500 bilhões de documentos (é um número idiota, inventei).
Um imenso big data de soluções que dispensará os KBA’s (Administradores das Bases de Conhecimento, primos próximos dos DBA’s, estes já conhecidos em qualquer boteco de esquina ou figurinha de revista de novela). Não precisaremos nem de KCS e o escambau.
A desgraça mora se algum idiota inseriu informação na internet e outros parentes o replicaram consistentemente sem ao menos analisar o mérito da solução.
O reconhecimento de voz está cada vez melhor
Assim “tecle seu número de cartão de crédito” soará (já soa) como algo démodé tipo a Confeitaria Colombo do Rio de Janeiro, onde todo mundo visita para conhecer a quantidade de espelhos, mas não para comer os doces, nem curtir o atendimento que deveria ser chamado de “trate-me mal”.
Um sinônimo para a nova onda que surge no mercado de analistas de Help Desk que se tornaram “Customer Success” e outros jargões plenamente idiotas – perdoe-me pela expressão, mas são bem isso. Eu sou cliente de uma empresa que usa um termo assim e que insiste em me virar as costas quando apresento sugestões… Talvez desconheçam a tradução da expressão ou pode ser que eu não tenha pego o espírito da coisa.
Pior que isso somente o cartão de crédito Caixa que manda fazer download de um documento na internet, preenchê-lo à mão e depois enviar para um determinado correio eletrônico.
É o auge de Ibope da Globo no programa “Planeta Bizarro”: eu preenchendo à mão todos os lançamentos de um cartão clonado para depois digitalizar e reenviar a eles, rá!
Quero dar meus parabéns ao autor da ideia.
Nada poderia ser mais tolo sob ponto de vista do cliente (mas não posso apostar, pois as pessoas sempre vencem desafios).
Pra não pagar mico na frente de amigos cada vez que desejo saber a temperatura ambiente pelo meu celular, sou obrigado a acordar o Google com o tradicional “OK, Google” e bem discretinho, colar o Motorola na boca e sussurrar a frase que o desperta.
Pior foi o celular de meu genro que, ativado no Waze, cada vez que se mexia para o lado o aparelho, o Google intervinha e dizia “— Não entendi seu comando, repita”.
Não é à toa que um monte de fornecedores de soluções desse tipo (e cabem aí Microsoft e Cortana, Apple e Siri, Amazon e Alexa, etc.) oferecem API’s para seus motores de reconhecimento.
Uma hora os bichinhos ficarão bom nisso e compreenderão sotaque, deboche, alegria, etc. (o que chamam de Sentimental Analysis and Opinion Mining).
Significa que alguém gritará “— Que porra droga de internet!” diante de uma lentidão de acesso e um deles, instalado numa lâmpada, numa porta ou na sua geladeira ouvirá isso e oferecerá gratuitamente 30 dias em outro prestador de serviços (não, a internet não será gratuita no Brazil).
Danado será quando você desabafar em segredo, durante um jogo de futebol, sozinho em casa, algo do tipo: “— Minha mulher está uma…” e, errr…., sabe-se lá quantas sugestões virão, desde sexo em realidade virtual (ia informar os links diretos, mas pode ter criança lendo o artigo), telefone de Bruninhas Surfistinhas até envio de automático de mensagens de WhatsApp para sua mulher com programas gratuitos de emagrecimento ou…
Ui, vai doer pra todo lado.
É a IoT (Internet of Things) bombando, mas nem sempre pro lado branco da força.
Inteligência Artificial
Obviamente, a Inteligência Artificial (ou Computação Cognitiva ou outro termo chique) finalmente depois de 30 anos vai mostrar para o que foi criada.
Acessando o Big Data e dotada de algoritmos de aprendizado (tal como faz o Waze quando lhe orienta a seguir por um trajeto fudido ruim somente para descobrir se é uma boa alternativa ao intenso tráfego ou não), fará simulações (reais ou não) e indicará boas soluções ou alternativas, dadas as opções apresentadas:
“— Não, não quero comprar mais pacote de minutos, nem de SMS”… E ela responderá:
“— Existe 59% de chances de um juiz no interior da cidade de Azelã no menor estado da federação bloquear o WhatsApp essa semana, por isso compre mais SMS, por mais ridículo que isso pareça”.
“— Ah, bom, então vai, compra isso.”
E com todo o dinheiro obtido com a venda de pacotes de SMS, alguma operadora de telefonia fará a previsão se tornar realidade (vai saber com que artifícios).
E que tal o relógio no seu pulso da Apple?
Quando você chega em casa, vai dar de cara com um stent produzido na sua impressora 3D e com um bando de robozinhos querendo já deitá-lo no sofá e enfiar esse treco no seu coração.
Tudo por conta do dedo-duro do relógio que vem monitorando sua saúde — sem lhe dizer nada, sem lhe dizer nada!
Claro, você pode ter um BayMax (não sabe o que é isso? caramba, uma dica: Big Hero 6) alugado e aí as coisas ficam mais fáceis.
E pombas, eu visitando castelos?!
Sua vez
Mano, o que será da sua vida? Vai se transformar num Jetson?
Ou tá mais pro clima de Exterminador do Futuro?
Também tem o Hall…
Ou Her:
E por último, de uma lista gigante de outros filmes, você se apaixonará pela Ava de Ex Machina?
Attention please!
E eu visitando castelos na Europa em vez de começar meu próprio projeto de suporte técnico via essa miscelânea de tecnologias (computação cognitiva, aprendizado profundo, inteligência artificial, análise preditiva, reconhecimento de voz e objetos, tecnologia semântica, interface humana, neurocomputação, internet das coisas, gráficos de conhecimento, lógica natural, busca semântica e trocentas outras coisas).
Bom, enquanto não temos acesso a tudo isso (a pobreza aumentou no Brazil, nem vou dizer por quê, mas quem quiser saber leia A revolta de Atlas), quero destacar:
- Faltam poucos anos para a IA pegar firme (se já não pegou).
- Big Datas (posso usar a letra esse no final de Data?) com base de conhecimento aumentam diariamente – trate de conseguir uma em vez de desenvolver uma nova.
- Reconhecimento de voz é um canal mais comum de intervenção do que pressionar letras num smartphone ou arrastar e pinçar fotos.
- Pare com essa mania de catar certificados estilo ITIL, COBIT, etc.
Fique atento
Essa é minha mensagem fatalista de retorno das férias.
E jamais, jamais, deixe de se inscrever nos meus cursos!
(Em vermelho agora):
E jamais, jamais, deixe de se inscrever nos meus cursos!
Abs
EL Cohen, coming back de Portugal e Espanha