Treinamento de Gerenciamento de Tempo é uma bobagem nos tempos atuais

Dividir seu tempo em slots de perí­odos é coisa do passado e não funciona

Sorry, man and woman que ainda adotam esse estilo de administração. E pior: gastam dinheiro nos cursos presenciais ou virtuais para aprender a ter mais controlar melhor seu tempo.

Porém, desculpo os portadores de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) que, como eu, realmente precisam de um algo a mais para se controlarem. E quando escrevo isso, vale para a montanha de M&Ms comidos diariamente sob forma de medicamentos e também aos inúmeros post-its e controles espalhados ao alcance da visão como quadros numa pequena galeria de arte.wife boss

OK, hoje o dia acordou-me com 4 graus de temperatura.

Não saí­ da cama até as 07:00.

Foi o horário em que minha gerente tocou a sirene para as minhas obrigações matinais: conduzi-la ao serviço.

Sim, um escritor famoso também tem esses encargos cotidianos com a famí­lia, tal qual alguém que bate o cartão-ponto ou passa o dedo no controle de ponto digital da Dimep.

Antes que exploda a terceira guerra mundial devido ao tí­tulo do artigo, adianto para frustração de meus inimigos e crí­ticos que ele não é meu.

livro_maura_thomasMas endosso plenamente como criança que vê raspa de bolo e confia cegamente que caberá a ela esse restinho. Quem apresenta essa visão é Maura Thomas, autora de livros na área (e consultora, por que todo autor vira um especialista e exí­mio colaborador na área, mesmo que não seja).

O artigo pode ser lido em https://hbr.org/2015/04/time-management-training-doesnt-work (rá, se a Harvard Business Review publicou, é por que você deve dedicar um mí­nimo de atenção a esse meu artigão).

Suco de manga com limão, laranja, abacate e minhoca nova – até que fica bão

Eu peguei as ideias dela — sou honesto quanto a isso —, misturei com meus temperos num liquidificador cerebral e produzi o texto abaixo.

A primeira argumentação da Maura é que o trabalhador do conhecimento (aquela expressão cunhada pelo Peter Drucker pra quem não carrega sacos o dia inteiro, mas ao contrário, fica sentado dentro do cubí­culo de Dilbert assistindo sua barriga inchar dia a dia — feito uma vaca grávida para alegria do fazendeiro, digo, personal trainer e donos de academias) enfrenta hoje plataformas e dispositivos que não existiam há 15 anos.

week-tasksEntão ela critica as coisas mais comuns ensinadas nos cursos de Gerenciamento de Tempo:

  • Faça uma lista das coisas importantes a fazer hoje” torna-se uma piada, pois abrir o aplicativo de e-mail é igual ao terremoto do Himalaia, onde assistimos de olhos abobalhados o mundo nos soterrar (e não ler os e-mails pode ser ainda pior);
  • Priorize os assuntos A, B e C hoje” vai pro esgoto como dia de temporal forte quando… O pessoal do trabalho descobre que já chegamos à nossa mesa e nos traz uma penca de novas tarefas urgentes e crí­ticas.
  • E o que dizer do “Feche a porta e concentre-se naquela atividade importante” quando existe a internet e um buzilhão de apps parecendo crianças famintas a pedir nosso carinho e atenção?

Meu Deus, hoje não estás do meu lado?! (Gaúcho diz isso quando entope a bomba do chimarrão. Hoje foi a segunda vez. Estou perdendo o jeito).

Back to black. De certa maneira, a questão não é mais a distração. Ou é, por que na verdade somos distraí­dos… Por outro trabalho!

Somos atraí­dos pelos e-mails de colegas e clientes soando os mais diversos alarmes. E o trabalho brota às dúzias de tudo quanto é canto. E num ritmo frenético.

Já esteve o metrô de São Paulo às 18:00? Aquela revoada humana querendo se enfiar num vagão mais apertado que aquela calça que usávamos na adolescência. Simplesmente não dá! O tempo é um só e a quantidade de trabalho é superior ao possí­vel.

managingE se você não leva tanta fé assim na autora que comento, pegue o Mintzberg e leia trecho da página 167 de Managing, um best-seller sobre a vida do gerente:

Um gerente assim relatou seu dia de trabalho: “Todos os dias entro no escritório com uma ação pré-planejada e, no fim do dia, acabo me lamentando porque tudo que fiz foi muito diferente do planejado.”.

Os gerentes adotam seu ritmo e sua carga de trabalho por causa da natureza inerentemente aberta do trabalho. Eles são responsáveis pelo sucesso de sua unidade, mas existem muitos problemas que podem explodir e atrapalhá-los: uma greve, um cliente descontente, uma mudança súbita no câmbio.

Essa semana banquei o pé de mandioca dentro de um centro de suporte com oito profissionais no atendimento e mais um gestor (Já tentou arrancar um pé de mandioca da terra? É jogo duro, mano). A realidade é implacável: ele estava em constante distração e troca de tarefas. Orientava um novo estagiário, mas ouviu algo incorreto de um técnico em atendimento e corrigiu a explicação. E a todo o momento, alguém abria a porta (o ranger dela dava apreensão em todos) e entrava portando um buzilhão de demandas travestidas de urgência. Ou seja: o stress dele é perpétuo.

Acha exagero meu, mas confia na Microsoft? Go to read (se não for interrompido antes, hahaha):

Disruption and Recovery of Computing Tasks: Field Study, Analysis, and Directions

Resultado: tudo isso cria um pedágio na qualidade.

E quem gerencia mal sua atenção (percebeu a mudança de termo de tempo para atenção?) acaba em permanente estado reativo e não usa seu tempo para pensar. Motivo pelo qual, a empresa paga pelo seu conhecimento e experiência.

OK, Cohen (e Maura). Já me encontro em confesso estado de prostração e estou aceitando até esse chimarrão de gaúcho (apesar de detestar água quente com capim).

Sugestão da Maura

Dear friend (se chegou até aqui, eu devo chamá-lo assim), Maura dá a dica:

1. Clareza nas PRIORIDADES em vez de nas tarefas prioritárias

Qual é a missão da empresa? É por aí­ o caminho. Qual são os objetivos para esse ano do local onde trabalho? Meu norte é esse.

2. Gerenciamento da ATENÇÃO em vez do gerenciamento do tempo

Não existe multiprocessamento da atenção. Quem é meu aluno já cansou de me ouvir falar isso e mostrar os ví­deos do John Medina. A dica da autora é tratarmos de aprender a gerenciar nossa atenção.

Mas caramba, tem gente que é muito cético (Deus, adoro gente assim). Por isso leia o artigo da Universidade de Stanford cujo tí­tulo é Media multitaskers pay mental price, Stanford study shows.

livro focoE como se não bastasse, leia o livro Foco (esse em português, barbadinha e em formato de eBook; mas leia como eu, num device apropriado — Kobo ou Kindle — e não num tablet; não preciso explicar o motivo).

2. Usar um sistema de WORKFLOW

Ou melhor: acabar com a bagunça.

Timelines e outras dicas de gerenciamento de projetos fazem parte dessa tentativa em manter seu foco nos trilhos que deve seguir, em vez de espalhar-se pela empresa. Compromissos e similares lembram-no do que deve ficar pronto em tal data, sem que você precisa ficar fazendo uni-du-ni-tê nas tarefas e ações.

Finalmente

Minha recomendação é ler o artigo.

etiqueta compridaE deixá-lo ser como aquela etiqueta comprida que a gente não remove quando compra camiseta nova. Ele fica incomodando, coçando, incomodando tanto que…

Uma hora, depois de torrar o saco cansarmos, finalmente dedicamos uma atenção devida ao mesmo.

Beijão.

Semana que vem tem curso de Gestão de Serviços para Help Desk e Service Desk em São Paulo. Dê uma força para o seu centro de suporte, aprenda a aumentar a eficiência e gastar menos. Apareça.

Abs

EL CO

1 comentário em “Treinamento de Gerenciamento de Tempo é uma bobagem nos tempos atuais”

  1. Não devemos dizer que é bom procurar artigos para acharmos desculpas para entender porque as coisas são assim mas é muito bom ler este tipo de texto quando todos a volta da área de RH continuam tentando empurrar o gerenciamento de tempo sobre a área de suporte de TI.
    Muito dos problemas com o gerenciamento de tempo (ou seria de atenção?) nas empresas, e me foco na parte de TI que é aonde me encaixo, deve-se ao fato de que nada pode parar e que tudo é “urgente”. Quando não se defini a prioridade e a severidade nada será tratado com qualidade e agilidade, talvez com agilidade mas com certeza não com a melhor qualidade.
    Vou buscar um tempo para ler os artigos complementares em inglês para me aprofundar mais no assunto mas agradeço pelas palavras já lidas (menos sobre as piadas de gaúcho pois gosto de um chimarrão quente ao invés de um mate uruguaio gelado hehehehe)

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