Literatura lida nos últimos dias

Pois é…

As maratonas do bem e do mal e mais uma série de viagens de consultoria e treinamento me proporcionaram a oportunidade de mofar muito tempo a bordo de aviões. E de aeroportos.

Afora os problemas tradicionais, a ansiedade de embarcar logo, sair logo, ir ao banheiro minutos antes do embarque, aguentar o achaque tí­pico de camelôs de beira de estrada (“Estamos iniciando nosso serviço de venda a bordo”) e tal, em todas as oportunidades banquei o personagem de Poltergeist em relação ao meu Kobo (no filme original, a personagem é sugada pela televisão). Até por que na viagem de 11 horas do Brasil a Amsterdam sentou ao meu lado um pastor tentando me converter para sua religião… Arghs.

Então vamos lá; minhas recomendações (de leitura ou não):

A Guide to the good life, the ancient art of stoic joy

livro_a_guide_to_the_good_life_2William Irvine, um professor de filosofia, desmistifica uma série de impressões erradas sobre os estoicos. Entre elas, a que não valorizam bens materiais, etc.

O livro, como é perceptí­vel pelo tí­tulo — A Guide to the good life, the ancient art of stoic joy — está escrito em idioma inglês. Ele contém uma montanha de boas dicas que passei inclusive a usar em minha vida pessoal.

Um dos aconselhamentos é termos uma filosofia de vida. Algo que possa nortear nossas ações.

Outra diretriz é buscar uma vida tranquila. Diante dessa conduta, toda uma filosofia é construí­da em que “Devemos valorizar o que temos em vez de buscar sempre mais e mais“, pois essa cata de novas posses prejudica nossa tranquilidade. Muitos dizem que isso pode ser sinônimo de acomodação, com o que Irvine contra-argumenta que não. Aliás, também não é uma inspiração para buscar a pobreza (e cita estoicos famosos como Sêneca, o rico senador romano; o próprio Marcus Aurelius, imperador de Roma e que aparece no iní­cio do filme Gladiador).

O autor também apresenta uma série de técnicas para praticarmos o estoicismo (romano, diga-se de passagem, e não o grego) em nosso dia a dia:

  • Visualização Negativa — Para viver o dia de hoje, devemos imaginar que poderí­amos não ter esse cafezinho que estamos bebendo. Nossos amigos poderiam estar mortos (então devemos aproveitar nossas amizades), etc. Obviamente isso é uma sí­ntese feita por mim em apenas uma expressão e pode parecer um tanto tétrica e soturna, mas a leitura do livro permite compreender uma forma adequada de se fazer isso sem imaginar que amanhã vai explodir a terceira guerra mundial, hahaha.
  • Dicotomia do controle — Existem coisas que podemos controlar. E outras não. Então, para essas últimas, não há por que perder a tranquilidade, somente lidar com suas consequências.
  • Fatalismo — O que aconteceu, aconteceu. Não adianta “Se isso…”, “Se aquilo…” ou nos lamentarmos por fatos ocorridos. Apenas tirar lições. Isso não significa, por exemplo, reprimir nossas emoções. Mas evitarmos ser absorvidos num pântano de lamúrias (como muita gente parece mergulhar em tempos de crise, etc.).
  • Responsabilidade — Pelo que somos responsáveis? Aqui vem o aspecto que devemos produzir para a sociedade e, muitas vezes, isso significa desenvolver um novo aplicativo, criar uma entidade, fazer acontecer. E talvez, como resultado, traga a riqueza.

Ainda existem vários capí­tulos — é um livro de leitura recorrente, quase um manual — sobre como lidar com insultos, raiva, estipular valores pessoais, como chegar à idade mais velha sem temores e um passo a passo para adoção dessa filosofia de vida em pleno século XXI.

Moonwalking with Einstein, the art and science of remembering everything

livro_moonwalkingJoshua Foer era um repórter iniciante e deram para ele uma tarefa aborrecida e maçante: cobrir um campeonato de memorização.

Quando lá chegou, ficou surpreso com o engajamento do público e dos participantes. E ouviu um convite inusitado de um dos participantes: ele poderia transformá-lo em um campeão no ano que vem, demonstrando com isso que o desenvolvimento da memória não é algo para superdotados ou pessoas com talento. Topou.

Bom, o livro não envolve diretamente dicas sobre memorização, mas cita várias delas, uma que tenho usado com frequência: o palácio da memória.

O texto é mais uma narrativa de como trabalhou, do que aconteceu, dos percalços, etc. para se tornar…

Campeão Norte-americano de Memória!

E estabelecer um novo recorde ao decorar um conjunto de 52 cartas em apenas 1 minuto e 40 segundos.

Ele expressa que a memória é algo como músculos: precisa ser exercitada. Enquanto tem gente ouvindo música, outros exercitam certas partes do cérebro (hey, não é uma recomendação para não ouvir música; apenas um comentário).  Gostei bastante e talvez exista uma versão em português do livro.

Ah, por que “Caminhando na Lua com Einstein” do tí­tulo? Leia o livro, haha.

Sonhos não tem limites

livro_carlos_wizardUm livro em idioma português — Sonhos não tem limites — pra aliviar a aflição dos que apenas arranham o idioma estrangeiro.

Nesse livro o autor Ignácio Brandão apresenta a trajetória de Carlos Wizard Martins (ele mesmo, dono da cadeia de franquias de escolas idiomas Wizard e Yázigi também e Microlins também), narra como começou sua vida com uma mão na frente e outra atrás.

De como encontrou uma âncora na Igreja Mórmon (aqui no Brasil representada pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias); como se mandou para os Estados Unidos e cursou faculdade por lá já casado e com dois filhos e nenhuma grana para se sustentar, morando em porões quase sem aquecimento.

Quanto retornou, já empregado como executivo de uma multinacional, foi demitido por questões orçamentárias depois de algum tempo e continuou sustentando-se com seus “cabritos” (serviços por fora): dar aulas de inglês.

Diante do inesperado desligamento, passou dias a imaginar o que fazer da vida. Até que junto com a esposa bolaram a ideia de um curso de inglês com método diferenciado. O qual começou na sua casa. E cresceu pro que é hoje.

Algumas citações:

  • Com o tempo percebi que a meritocracia é o modelo ideal de remuneração, ou seja, cada um é recompensado na medida exata de seu desempenho pessoal. Isso é um conceito lógico e racional para o sucesso no mundo empresarial.
  • Nunca tive medo de tentar. A ausência de medo é uma das caracterí­sticas de um empreendedor, porque você está sempre à mercê de um mundo em constantes mudanças.
  • mesadaO casal nunca praticou o princí­pio da mesada, por acreditar que ela cria um conceito prejudicial à formação da autoadministração. Ela acomoda o indiví­duo, que não se sente obrigado a nada. Não tenho nada contra os pais que dão mesada, respeito a filosofia de cada um. Todavia, no meu modo de ver as coisas, empreendedor que sou, a mesada cria nos filhos uma sensação de dependência e eles crescem pensando que os pais “devem” alguma coisa para eles. Quando na verdade é o oposto, os pais não devem nada aos filhos, são eles que devem aos pais. A partir do momento em que o pai dá a mesada, se algum dia, por algum motivo, razão ou circunstância, a mesada deixar de ser dada, instala-se no filho a revolta: “Como meu pai me deixa sem meu dinheiro?”. É uma base de relacionamento equivocada.
  • Com frequência repete: “Lí­deres estão concentrados na solução e não no problema, e também mais importante do que a ordem dos cubos é saber se precisamos ou não dos cubos”.
  • Quanto a Hilda, começou trabalhando no aeroporto, limpando salas, depois passou a fazer faxina em casas particulares e alguns escritórios. Trabalhavam dia e noite. Aplicando os princí­pios básicos de autossuficiência, ou seja, viver de acordo com o que se recebe, não gastar mais do que se ganha, a cada mês poupar um pouco, apesar de sua renda limitada, quinze anos depois conseguiram comprar três bons imóveis nos Estados Unidos. Propriedades pagas à vista sem financiamento, sem depender de empréstimo bancário.
  • Ele costuma afirmar que “Você somente alcançará sucesso de verdade quando for capaz de auxiliar outros a ter sucesso”.
  • Acreditar e valorizar as pessoas é um dos fundamentos principais que explicam o sucesso de nosso empreendimento. Comunicação diária com mensagens motivacionais aos clientes faz parte da cartilha da empresa.
  • Ele costuma citar um pensamento de Keith DeGreen: Na medida em que o dinheiro é a qualidade dos serviços que prestamos aos outros, acumulá-lo é nobre. Na medida em que utilizamos nosso dinheiro a serviço dos que amamos, suprindo-os com todo calor, conforto e segurança possí­veis, o dispêndio é compensador e divino. Carlos acrescenta: Toda pessoa bem-sucedida carrega dentro de si a sensação de estar cumprindo uma missão, pois qualquer vitória perde seu valor se não a utilizarmos para propósitos ainda maiores. É difí­cil alguém se sentir totalmente realizado sem experimentar a sensação de estar ligado, de alguma forma, aos propósitos mais elevados da vida.

Como Proust pode mudar sua vida

livro_como_proust_pode2Alain de Botton, francês, escreveu Como Proust pode mudar sua vida. Proust era outro francês. Escritor conhecido por uma obra monumental denominada Em busca do tempo perdido. Seu pai era médico, seu irmão também e ele… Não fazia nada, hahaha.

Vivia só da grana da famí­lia. Mas nem por isso deixava de pensar e hoje se tornou mais famoso e conhecido do que os outros dois citados.

Alain tira lições da obra de Proust e catando trechos dos livros do mesmo, mostra por que devemos amar o dia de hoje, o qual é mote para os livros que formam Em busca do tempo perdido: as buscas das causas por trás da dissipação e da perda do tempo.

Nesse clima, existe um capí­tulo só para “Como não se apressar” e usa uma citação de um personagem: “Mas seja mais preciso, meu caro senhor, não vá tão rápido”.

livro_em_busca_doNa verdade, Alain extrai expressões e citações de Proust para apresentar ideias que podem ser desse (ou do próprio Alain).

Mas nem por isso são desprezí­veis: como ser um bom amigo; como abrir os olhos e perceber que mesmo em uma cozinha há grandiosidade tal qual um museu; como ser feliz no amor; como abandonar os livros — dica de Proust: Além do perigo de superestimar escritores e subestimar a si próprio, há também o risco de reverenciar artistas pelos motivos errados, caindo no que Proust chamou de idolatria artí­stica — e outros.

Hooked: How to Build Habit-Forming Products

livro_hookedHooked: How to Build Habit-Forming Products de Nir Eyal é um estudo do repórter que escreve para a TechCrunch, Forbes, Psichology Today e encontrou uma brecha (ou nicho?) na área de psicologia cognitiva e social.

Pesquisa daqui, pesquisa de lá e produziu um trabalho que orienta fabricantes de games e aplicativos a manterem o cliente interessado no seu ambiente sem buscar alternativas. Isso vale para games, Facebook, Instagram, Twitter e tal. E ele mostra como funciona.

Uma das traduções para “Hooked” pode ser “Fisgado”. Pescou?

  1. Gatilho — Que problema seu produto resolve para o cliente? Está se sentindo sozinho? Use o Facebook. Não se sente seguro? Use o Google. Tá de saco cheio aborrecido? Vai no Youtube.
  2. Ação — Pesquisa no Google. Dá um play no Youtube.
  3. Recompensa — Se divertindo assistindo filmes no Youtube? Encontrou um monte de referências para seu trabalho de conclusão no Google? Fez novos amigos no Face?
  4. Investimento — Opa, alguém te respondeu no Twitter? Responde também, investe um pouquinho mais de tempo. Alguém curtiu sua foto no TripAdvisor? Que tal postar mais fotos e opiniões sobre lugares visitados até ser promovido a “Colaborador Mestre”? Eba, pagando um pouquinho posso ter uma versão plus do Linkedin?

Claro, todas essas fases são bem esmiuçadas no livro, explicando detalhadamente os vários “motivadores” para cada pessoa.

Dá uma sacada nos slides abaixo:

Feito.

Baita abraço!

EL CO

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