Terça-feira recebi email de Paulo com orientações sobre catálogo de serviços
Em 06/08/2013 09:22, Paulo Sergio Cougo escreveu:
> Bom dia.
>
> Sem problemas… e cite a fonte.
>
> Paulo Sérgio Cougo
> Diretor Técnico
> (41)3544-8704 (41)9233-4220
> SKIPE: paulo.cougo
> ITIL V3 Expert
> ISO-20.000 Consultant/Manager
>
> —–Mensagem original—–
> De: Roberto Cohen [mailto:roberto.cohen@4hd.com.br]
> Enviada em: terça-feira, 6 de agosto de 2013 08:37
> Para: p.cougo@treetools.com.br
> Assunto: Re: [Contato] Catálogo de Serviços não é isto.
>
> Olá, Paulo.
>
> Obrigado por sua mensagem.
>
> Você se importaria se eu reproduzisse sua orientação no meu blog?
>
> Baita abraço!
Fiz questão de registrar que estou apontando o tema com autorização do Paulo Cougo, diretor da TreeTools, ITIL V3 Expert e ISO-20.000 Consultant/Manager.
Primeiro assunto – do livro
Segue a sinopse do livro ITIL – Guia de implantação extraída do site da editora:
O material que você encontrará neste livro é resultado de uma experiência de mais de 25 anos na área de suporte a usuários. Fundamentado por sua experiência como analista de suporte, coordenador de equipes, consultor, instrutor, projetista de ferramentas para atendimento a usuários e empresário ligado ao setor, o autor pretende retransmitir ao leitor, no formato de “lições aprendidas”, centenas de aprendizados que acumulou ao longo dos anos.
São experiências em ambientes de pequeno, médio e grande portes, empresas públicas e privadas, antes, durante e após o advento da adoção das melhores práticas de gestão de serviços de TI.
A diferença entre saber o que fazer e saber como fazer nunca foi tão importante. Se você já tem o conhecimento teórico sobre gestão de serviços de TI, usando a ITIL ou não, terá então neste material uma grande fonte de informação sobre como aplicar na prática tudo o que já conhece. Um guia definitivo? Jamais. Mas um bom começo, sem dúvida.
Segundo assunto – da advertência recebida
Segue a mensagem do Paulo:
Por muito tempo adio a iniciativa de dar-lhe um feedback importante,mas acredito que em nome da comunicade de service desk que pode vir a ser confundida com conceitos errados é importante alertá-lo. Seu conceito de catálogo de serviços está equivocado. Você cita “criar um usuário na rede” como item do catálogo de serviços oferecido pela TI. Isto não é um serviço! O serviço oferecido é o “Correio Eletrônico” ! Criar uma conta de usuário é uma atividade de manutenção do serviço. Quem tem um SLA com 99% de disponibilidade requerida é o “Correio Eletrônico”. O tempo de resolução de um incidente (ou MTTR) que é por exemplo de 1 hora não é o SLA. É só um elemento que definirá o SLA junto com muitos outros tais como a capacidade do serviço de correito eletrônico, que deverá ser de 5.000 usuários, e aí por diante. Logo, afirmar que “Criar conta” é serviço e que tem SLA de 1 hora é um erro. Estes são conceitos equivocados que devem ser erradicados. Conto com sua ajuda para a comunidade e compreensão pelo feedback. Tratei este tema no meu livro. Se desejar mais aprofundamento recomendo a leitura. Não se trata de opinião mas do mais puro conceito ITIL. Não podemos falar em Gestão de Serviços se nem o conceito de serviço nós temos.
Bem…
Certos trechos da mensagem achei agressivos. Ainda mais para mim que sou expert nisso (em ironia e outras qualidades de provocação). Coisas como “comunidade confundida com conceitos errados“, o uso de ponto de exclamação em “Isto não é um serviço!“, “… é um erro“, “são conceitos equivocados que devem ser erradicados“, “não podemos falar em gestão de serviços se nem o conceito de serviços nós temos” e outras.
Credito essa assertividade, esse estilo de afirmação que deixa pouco espaço para dúvidas e alternativas, ao fato do Paulo provavelmente ser um apaixonado por ITIL, visto que aplica em sua assinatura a chancela de “ITIL V3 Expert”.
Assim, amenizo algo que me poria em pé de guerra pela forma da expressão. De tal forma que escrevo somente nesta sexta-feira para me apegar ao conteúdo.
Preâmbulo
Esse email do Paulo veio promover uma tribulação cerebral em mim desde a terça-feira.
Acho que tenho chances de aprender com o feedback dele, apesar do seu estilo de comunicação que disparou sinapses que salivavam por uma resposta mordaz e irônica, feito o cão de Pavlov.
Certo amigo diretor executivo do HDI Brasil e uma esposa psicóloga clínica que me acompanha há 31 anos sugeriram refrear meus ímpetos mais primitivos e aprender.
Aprender.
É isso mesmo?
Fica difícil debater o tema com o Paulo sob a ótica única da teoria do ITIL. Não tenho nem a certificação mais básica da biblioteca, a ITIL Foundations. Isso me joga ladeira abaixo e faz com que reverencie sua autoridade (do Paulo) no tema. Ou não.
O resumo da explanação de Paulo é que o serviço em si é a disponibilização de Correio Eletrônico para usuários. Assim, o SLA (Acordo de Nível de Serviço, não confundir com prazo que é um de seus componentes) considera aspectos como disponibilidade para certa quantidade de usuários, tempo de resposta e outras características. Criar uma nova conta de correio eletrônico é apenas uma tarefa para manutenção deste serviço (a expressão “criar novo usuário na rede” citada ele provavelmente viu no meu último artigo da SupportWorld. Se bem que rede é uma coisa, correio eletrônico é outra, acho que embolou os temas).
Provavelmente, por que Paulo é muito ocupado, não chegou a ler esse artigo em meu blog: Construindo um catálogo de serviços – 6. Nele há um exemplo aqui mesmo (subi novamente o exemplo dos cursos) que apresenta uma solução muito parecida com a proposta por Paulo.
Meu “serviço de locomoção estragou”
Vou usar uma analogia e escaparei do tradicional cardápio de restaurante.
No seu carro estraga alguma coisa: uma lâmpada se acende constantemente no painel. Você leva na concessionária e reclama. Não importa o que especificamente estragou (isso será responsabilidade do gerente de incidentes/oficina e seu time investigarem).
O “serviço de locomoção” tem problemas por que não está atendendo os SLAs combinados na compra: funcionar o dia inteiro desde que se ponha combustível, siga adequadamente as revisões e assim por diante.
A explanação acima é similar à apresentada por Paulo.
Onde a porca torce o rabo?
Nossa comunidade de suporte marcha em sua maturidade. Tanto que certas expressões antigamente usadas não são mais aceitas para outros tipos de manifestação.
Em meu livro Implantação de Help Desk e Service Desk existe a orientação de construir um catálogo de serviços e listar aqueles que são oferecidos e os que não são. E ao usar a palavra serviço talvez fosse melhor ter usado atividade de manutenção de serviço.
Naquela época era razoável usar o termo que apliquei.
Hoje, com a disseminação da ITIL – concordando ou não com tudo que ela oferece -, a palavra serviço tomou outro sentido. E quanto mais avançamos em nosso progresso profissional como comunidade, mais algumas expressões se arraigam como sinônimo exclusivo de algo (feito Xerox, Cotonete, Sedex, BandAid, Polar).
A expressão serviço (o próprio trabalho a ser executado; a obra, o expediente, o mister, a tarefa) não pode mais ser sinonímia “de tarefa a ser realizada para dar manutenção em correio eletrônico”. E aqui não se configura mais ceder ou não ao ITIL, ao fundamentalismo cego que por vezes ela produz, mas compreender a realidade em que vivemos.
Onde quero chegar? A palavra serviço agora não pode ser usada para qualquer outro significado (dentro da TI, pelo menos). Compreenda a transformação de palavras na escrita do famoso professor de português Celso Moreno:
Os romanos, ao atribuírem dois rostos ao deus Jano – um voltado para trás, o outro voltado para frente -, estavam descrevendo a única atitude admissível para os que pretendem compreender o Português de hoje, que é uma mistura inseparável do passado com o futuro. O equilíbrio, aqui, é decisivo; erram aqueles que desprezam a tradição do idioma e as regras que o uso culto, ao longo dos séculos, terminou consolidando – mas erram também os que têm a pretensão de imobilizar o curso das mudanças, pois elas sempre ocorreram e sempre ocorrerão na nossa língua.
Vale o negrito aposto por mim acima. Nós temos um linguajar único dentro de governança de TI, Service Desk e outros. E o significado serviço mudou. Graças à ITIL. Gostando ou não, C’est la vie. Cristalizou-se um significado único.
Esgueirando-me da racionalidade (até por que minhas emoções também querem se expressar), não gostei do estilo assertivo do Paulo, quase determinando como devem ser as coisas. E que fique claro: nada tenho contra o Paulo, pois nem o conheço. Refuto apenas o estilo da mensagem recebida.
Nessas horas recordo desse trecho do livro Service Operation, ITIL 3:
“Readers should be aware that the best-practice guidelines in this and other volumes are not intended to be prescriptive. Each organization is unique and must adapt and adopt’ the guidance for its own specific needs, environment and culture. This will involve taking into account the organization’s size, skills/resources, culture, funding, priorities and existing ITSM maturity and modifying the guidance as appropriate to suit the organization’s needs.“
Simpatizo em especial com a parte que registra que as melhores práticas não pretendem ser prescritivas (que apresenta uma determinada forma como a única aceitável) e que a sua organização é única e deve “adaptar e adotar” as orientações para suas próprias necessidades.
Os destaques em azul dizem tudo.
ITIL não é minha religião.
Bebo lá ensinamentos valiosos. Mas interpreto o conteúdo (e pode ser até que interprete mal, não sou infalível) e uso como quero. Posso usar a expressão serviço como quiser, pois não tenho carteirinha da Liga Náutica, nem da FIFA pra seguir seus ditames ipsis litteris. Cada um, cada um.
Pra rir um pouco, afinal hoje é sexta-feira, assista a um velho Drops que montei sobre a existência de gurus.
Falando em expressões – erradicar
Judeus são pessoas paranoicas. Centenas de anos de perseguições e discriminação deixaram o povo assim. Fomos escravizados no Egito como os negros no Brasil, fomos caçados na Rússia como os índios no Brasil ou no Uruguai e por isso algumas palavras nos deixam “de orelha em pé”, como dizemos aqui nos pampas.
“Erradicar” (Arrancar pela raiz, desarraigar, eliminar, extirpar) é uma delas. Não gostamos disso. Não simpatizamos com fundamentalismo ou extremismo.
Nossa ideia é aceitar que os outros tenham opiniões diferentes da nossa, ainda que a gente não concorde com elas.
Meu aprendizado
Paulo tem razão.
Motivo pelo qual agradeço. Não propriamente pelo ensinamento, pelo alerta.
O que aprendi na semana que se finda?
Já não posso mais usar a expressão SERVIÇO como dantes adotava, sem correr a chance de confundir a cabeça de meus leitores e alunos. Do que escrevi, boa parte agora deve ser sinônimo de “tarefa de manutenção”, como recomenda Paulo. O conteúdo continua esplêndido (sou pouco modesto), mas a forma deve ser modificada para se adequar aos novos tempos.
Vivendo e aprendendo. E se não é o alô dele, continuaria falando SERVIÇO.
Devo um beijo 😉
Smack pra vocês, leitores queridos!
EL Co
PS: De inhapa, por que hoje é dia de milk-shake, dois sites respeitáveis com mais de setenta exemplos de catálogos de serviços:
Sr. Paulo Sérgio Cougo: parabéns. Conseguiu divulgar seu livro de graça hehe.
Além disso, Paulo, o senhor deve ser muito crÃtico e exigente, pois quem trata do Framework ITIL de forma tão dura, deve rever de forma tão dura, crÃtica e exigente o site da empresa que você diz ser Diretor Técnico.
Sr. Roberto Cohen: parabéns. Através de uma possível, quase, pseudo briga conseguiu divulgar o livro do Sr.Paulo.
Dica n.º 1 ao Paulo: fale por você. O senhor representa as suas ideias e a sua empresa. Não representa a “comunidade de service desk”. Até pq ela não existe.
Dica n.º 2 ao Paulo: Para divulgar o seu livro, você pode disponibilizar o e-book por um dia gratuitamente. Assim o Roberto Cohen não se sentirá agredido.
Roberto Cohen, desculpe usar tanto o espaço.
Não briguem meninos.
Abraço a todos e uma ótima semana.
Hehehehe.
Você é dez, Michelle. Muito bem humorada.
Falta gente como você no Brasil.
Smack
EL CO
Cohen,
Quer mais um feedback? 😀
Altere o nome do artigo para “Como dar belo tapa com Luva de Pelica!”. Confesso que sou fã da arte de responder quem “agride” de forma tão elegante… Quase que dizendo que a pessoa é “idiota” sem dizer isto…
Entendo os argumentos do Sr. Sérgio e penso da mesma forma, porém existem formas e formas de se expressar…
ITIL e qualquer outra metodologia são apenas ferramentas que devemos utilizar no nosso dia-a-dia de acordo com a necessidade. Sim! Ferramentas! Como chave de fenda, alicate, etc…
Um abraço,
Alexandre
Cohen,
Parabéns pelo retorno. Também concordo que que ITIL deve ser interpretado e adaptado, caso contrário não seria “melhores práticas” e sim “regras para…”.
Infelizmente o Sr. Paulo se apega em coisas tão teóricas que me deixa uma pergunta de como é sua atuação prática. Acho que devemos ter uma dosagem certa de teoria e prática. Não discuto seus argumentos e sim a abordagem e frases utilizadas para tal.
Será que seus clientes e usuários são atendidos com essa “qualidade”? É isso que o senhor ensina no livro? O usuário liga e você fala que ele está errado, que não deve fazer assim e que ele não leu o manual do Windows que a Microsoft lançou com as 567 páginas de teoria sobre como usar o sistema operacional?… ah! sai fora…
Inclusive Sr. Paulo, abra um chamado de “manutenção de serviço” para corrigir sua assinatura do e-mail, porque é skYpe e não skIpe.
Vou terminar meu comentário “copiando” uma frase de um artigo de um amigo em comum meu e do Cohen onde ele disse assim “… até relógio quebrado fica certo duas vezes por dia”, portanto Paulo, cuidado para não ficar igual ao relógio… daqui 1 minuto o senhor estará errado novamente… aguarde 11:59 again…
Abraço a todos.
People:
Eu acho que o Paulo Cougo conhece bastante.
E obviamente ele interpreta o ITIL de um jeito.
Que se funcionar nos clientes dele, é o que importa.
Já eu vou tocando minha marchinha 😉
Abs
EL CO
Eu sou uma pessoa que gosta das coisas simples. Tenho certificação ITIL, blah, blah, blah, mas nem por isso TENHO que falar da forma que algumas pessoas pregam. Antes de ser profissional de TI, eu sou brasileiro e falo o português, e por enquanto, serviço quer dizer:
s.m. Ação ou efeito de servir.
Sinônimos de serviço: emprego, ocupação, ofÃcio, tarefa e trabalho
Atividade de manutenção do serviço = Tarefa = Serviço
O_o
Doideira meu kkkk!