Vamos combinar, vale qualquer coisa é dureza, hein?
Leia o artigo publicado no Correio do Povo de hoje pelo prof. Landro Oviedo a respeito da polêmica dos livros do MEC:
A polêmica envolvendo o livro do Ministério da Educação, acerca da variabilidade no uso da linguagem, é apropriada para que se questione qual competência linguística deve ser ensinada na escola. Será que ela deve reforçar o conhecimento do aluno ou, ao contrário, tem de ter como meta levá-lo a novos saberes? O próprio construtivismo parece apostar na primeira via, preservando o universo do discente.
O que Heloísa Ramos, autora da debatida obra “Por uma Vida Melhor”, expôs no texto é algo corriqueiro para os especialistas em linguagem e professores. É importante trabalhar a noção de adequado e de não adequado antes que os conceitos de certo e de errado. A linguagem é como nossa roupa, que deverá sempre estar de acordo com a ocasião, seja ela informal, seja solene. A inversão dos empregos de cada registro costuma ter resultados catastróficos, como quando numa entrevista de emprego o candidato se vale de gírias, comprometendo sua imagem.
Entretanto, é preciso que se diga que o esperável é que a escola introduza o aluno no universo da norma culta, pois os níveis informais de expressão ele aprende em casa, na rua e com os amigos. Essa competência de convívio, manifestada em seu vocabulário e expressões, a vida lhe dá naturalmente. O que lhe resta é aprender a forma considerada padrão, mais rica e mais expressiva, diferente e diferenciada.
Durante muitos anos da minha vida acadêmica, ouvi teóricos bradarem contra o que consideram a camisa de força da gramática, que estaria matando a língua popular e impondo os padrões da classe dominante. Isso é rematada asneira, pois o viés gramatical é apenas mais um registro, mas extremamente necessário para determinados momentos da atividade social, patrimonial e profissional. Vamos considerar que um assalariado vá contratar com uma incorporadora um contrato de compra e venda de um imóvel. Essas cláusulas somente conterão todo o teor do avençado se forem expressas com rigor linguístico e gramatical. Imaginem-se os riscos de o contratante não saber o que está assinando. Isso vale para muitos atos da vida coletiva.
O conhecimento é um processo dinâmico e dialético e cabe à escola incorporar ao patrimônio do aluno um bom desempenho linguístico. Ele traz consigo experiências únicas e enriquecedoras, mas insuficientes para uma vida produtiva e feliz. Nesse molde, não pode faltar o recheio da correção gramatical.
Landro Oviedo
professor de Português
😉
El Cohen, contra a esculhambação de nosso idioma
A frase “O livros mais interessante foram vendidos” não permite que o interloctor saiba se formam os livros mais interessantes foram vendidos ou se apenas o livro mais interessante foi vendido.
A função básica da linguagem que é a comunicação clara entre o interloctor e ouvinte foi perdida. Ou seja, existe total perda de sentido da linguagem.
Pois é, primo…
Sei que a lÃngua falada transforma nosso idioma, haja visto “xerocar algo” etc.
Mas isso precisa levar algum tempo. Essa zona promovida é um despropósito, a meu ver, para nossa comunicação.
Abraços,
EL Cohen