Cohen fura aula de pós-graduação em Sampa

Entre 55 alunos, camuflei-me de colega e anotei várias coisas na noite de 06 de dezembro de 2010.

Errr… Fui convidado

Na verdade, não furei. Fui convidado. Aula de pós-graduação da ESPM-RS para uma turma de 55 alunos da AES/Eletropaulo. Estupendo o desempenho da professora Loraine Muller.

A aula era sobre cultura organizacional. Eu achei que conhecia o assunto.

Qual… Em poucas três horas revi  conceitos graças ao dinamismo e competência da Loraine.

Através de um método de encurtar distâncias com os alunos (“Chamem-me de tia…”), uso de metáforas e analogias simples e, claro, muita experiência e conhecimento ela inundou os alunos com o assunto.

Parabéns à AES

A AES Brasil é uma empresa que investe forte em treinamento. Não é comum ver isso no Brasil, mas ela colocou 55 funcionários em PÓS-GRADUAÇÃO. O curso tem extensão de quase dois anos para aprimorar o conhecimento de seus técnicos administrativos e de outras áreas.

Antes de mais nada, parabéns à empresa que, diante de um mercado em rotatividade, não se encolhe e coloca os funcionários a estudar, sem medo de perdê-los depois (e quem sairia de uma firma que tem esse procedimento desenvolvimentista?).

Da aula

Eu não vou transcrever a aula como aconteceu cronologicamente. Apenas pinçarei ideias e conceitos que achei interessante compartilhar:

  • Cultura é como um carro. A gente pega um emprestado e estranha o freio duro, a pouca potência do veí­culo, a regulagem do banco etc. Porém nem percebemos mais essas coisas em nosso próprio veí­culo. É como visitar a casa de alguém e estranhar os modos, o cachorro sobre o sofá etc. Mas na nossa, nem damos a mí­nima. Quanto mais estamos inseridos na cultura, maior seu poder de manipular.
  • As equipes são a cara do chefe (eu discordo, hehe).
  • 80% das equipes deixam seus chefes. Mas não suas empresas.
  • A cultura nacional está na gente também. Não estranhamos uma empregada doméstica pendurada do lado de fora de nossa janela lavando os vidros. Mas se fosse na França, a dona da casa teria um chilique e mandaria colocar grades para evitar que isso se repetisse.
  • Explicou como se deu a colonização dos EUA e a brasileira. E como no primeiro caso, houve uma farta distribuição de poderes aos cidadãos para evitar as repetições de problemas que aconteceram na Europa.
  • Comprem o livro do Peninha (Eduardo Bueno) e aprendam um pouco mais de história e como ela impacta o nosso cotidiano.
  • Quem faz uma ligação telefônica e diz seu nome e mais o da empresa? Isso se tornou uma identificação. E usar o sobrenome corporativo agrega valor.
  • O fim da escravatura não mudou muitas coisas. Apenas que a chibata não é mais um chicote, mas um salário. E a gente se sujeita  a tal situação.
  • Mostrou o ví­deo do Help Desk na Idade Média como uma forma de mudança de paradigmas e como é difí­cil realizá-la.
  • Não consigo esculhambar (mudar) a cultura de uma empresa com uma andorinha. Exceto se ela tiver poder, o que no caso estará mais para gavião.
  • 40% do tempo no trabalho não são trabalhados. E sim gastos em cafezinho, ligar computador, ir no banheiro etc.
  • Desligar o micro no trabalho, ao final do expediente, pode gerar um sentimento de autoculpa caso o serviço não fique pronto dentro dos prazos. E por isso trabalhamos mais e mais depois do expediente. Exceto se a empresa tiver responsabilidade social e desligar servidores e tudo o mais no final do expediente, obrigando o pessoal a ir embora.
  • No final, apresentou os conceitos de Charles Handy no seu livro “Deuses da Administração” e a divisão das culturas organizacionais em Zeus, Apolo, Atenas e Dioní­sio. Aliás, eu já li a obra e recomendo firmemente.

E aí­, Cohen?

E aí­ é o seguinte: você deseja realizar qualquer tipo de mudança na sua empresa?Quer convencer todo mundo a abrir chamado via WEB? Aos seus técnicos preencherem adequadamente algum formulário? E assim por diante?

Se não conseguir ler a cultura da mesma e entrar em choque, não vai dar certo, pois maiores que sejam seus esforços.

Exceto se tiver “bala na agulha”, claro.

Sigo em Sampa até sábado esperando o convite para um happy-hour pelo Maurí­cio Machado. Ou pelo Ricardo Mansur. Ou pelo Pap’Albano. Rui Natal. Ou tanta gente que me convida para aparecer e, hehehe…

Abraços,

EL Cohen

Ah, a Loraine é consultora em Comportamento Organizacional: loraine@espm.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *