HDI 2010 – A melhor palestra técnica!

A melhor palestra técnica do HDI 2010, em minha opinião, foi capitaneada pelas queridas gurias Ana Lúcia Martins e Paula Cavanesi

Dando sequência ao assunto iniciado lá no dia 12 de junho de 2010, sigo apresentando meus registros do evento que, até o momento, é o maior a ní­vel nacional dos profissionais de suporte técnico, Help Desk e Service Desk.

O último registro foi HDI 2010 – Palestra do Luiz Brasil.

E o que passo a relatar intitula-se, sugestivamente “Mitos e verdades ITIL V2 e V3“.

Trata-se de uma análise escancarada das melhores práticas, onde as meninas usam toda a sua experiência para questionar “certas” verdades da biblioteca ITIL. Contestando a cartilha, apresentam suas conclusões. A meu ver, conclusões esplêndidas, pois derivam de muito raciocí­nio e inferência.

Imagens

Antes de qualquer coisa, vejam fotos das gurias. Muito sérias, aliás. E percebam a sala empanturrada de gente.

Do discurso

A apresentação ficou a cargo da Ana Lúcia. Com o suporte teórico da Paula. Acumulou-se muito ácido lático nos músculos de minha mão esquerda, tamanha a quantidade de anotações registradas.

Eu quase (quase!) babei de tanta alegria, feito um cãozinho de Pavlov. Isso por que alguém teve coragem, em público e na frente de muita gente, para questionar algumas regras basilares das “melhores práticas”.

A questão não é ser contra o ITIL. Eu não sou. E nem as meninas. Mas é importante refletir sobre as sugestões que ela (biblioteca) nos transmite e se tal conhecimento funcionaria em nosso ambiente. Quase ninguém faz isso. A maioria do povo profissional tenta mimetizar no seu ambiente o ITIL sem questionar sua adaptabilidade.

Das ideias expostas

Atenção: as anotações são minhas e podem não corresponder às mensagens que as pessoas emitiram.

  • Permitir ao usuário acessar direto o segundo ní­vel de atendimento pode ser algo arriscado, mas se for através de um primeiro ní­vel que não sabe a solução, não será perda de tempo? O SPOC será apenas uma burocracia nesse processo.
  • O segundo ní­vel pode dar retorno ao usuário passando-se como primeiro ní­vel. Nas grandes empresas isso pode funcionar, mas e nas pequenas?
  • OK, usar o SPOC sempre na entrada do incidente, mas será que é obrigatório utilizá-lo no encerramento? Isso por que se o objetivo é colocar o usuário a trabalhar o mais rápido possí­vel, não é mais burocrático e com perda de tempo (inclusive para o negócio) devolver o incidente para o primeiro ní­vel para que ele então retorne ao usuário?
  • É importante evitar que o SPOC vire um menino de recados.
  • Envolvendo altos volumes de incidentes, não sobra muito tempo para que o primeiro ní­vel acompanhe os chamados que foram para o segundo ní­vel.
  • Quem me garante que o técnico de campo não é raptado pelo usuário? E se o técnico se recusar a atender o usuário por que o incidente não está registrado, será que o cliente não pedirá a substituição do mesmo? (considerando processos de outsourcing)
  • Luciane da OI comentou que o controle por controle pode ser adotado para melhorar a gestão do processo, mas que no fim não beneficia o usuário, pois acontece muito controle e mais trabalho para dentro do que para fora do departamento de suporte.
  • Leonardo da Procergs compartilhou uma metodologia interna na sua empresa: quando o primeiro ní­vel escala um incidente, a seção de documentação recebe um alerta para melhorar a base de conhecimento. E depois da solução o primeiro ní­vel recebe de volta para compreender como o especialista resolveu o problema. Dessa maneira, aperfeiçoa-se a base de conhecimento, além de levar mais conhecimento ao primeiro ní­vel.
  • As pessoas são mais importantes que os processos; os processos são projetos para agilizar, por isso não podem ser complicados.
  • Não tratem os usuários como crianças. Eles até podem parecer, mas não são.
  • Aprender com os acertos das pessoas.
  • ITIL: adote e adapte, por isso não me cobre se estou “compliance.
  • Vanessa da Embraer compartilhou que tem 20.000 incidentes por mês e uma taxa de solução no primeiro contato de 74%. A operação é realizada pela Sonda Procworks.

Ana palestrando

PS: Só não entendi por que apenas a Ana palestrou e a Paula ficou no background. Menina, tens que perder essa timidez, hehe 🙂

Das conclusões

A mais importante delas foi levar o questionamento do ITIL a público.

Muita gente deseja, quer e precisa ser “aderente” ao ITIL. Para isso repete refrão por refrão os versos dos livros, linha a linha. Ora, isso se torna quase uma religião quando não debatemos as mensagens!!! Polemizar é minha arte, hehehe, exatamente para mexer com os modelos mentais concretados em cada um. Porém as meninas fizeram isso com elegância e glamour, caracterí­sticas que me faltam, hoho.

Outra situação legal foi trazerem suas experiências profissionais à plateia, compartilhando seus acertos. E erros. Não pense que é fácil encarar 70 pessoas e dizer: “- Puxa, acho que errei, mas posso fazer melhor.”

Por último, o debate que irrompeu na própria palestra  foi muito saudável, com a participação do pessoal da Procergs, da OI e outras empresas. São momentos únicos para nossa comunidade quando podemos nos encontrar e trocar experiência e conhecer como os outros fazem.

E tudo isso as gurias propiciaram.

E é por isso que as elegi como “A melhor palestra técnica do HDI 2010“.

Merecidamente. Eu fiquei encantado. Presumo que os outros participantes também.

Abraços e parabéns, Ana e Paula.

Smack

El Co

7 comentários em “HDI 2010 – A melhor palestra técnica!”

  1. Fico muito orgulhoso por saber que, tanto a Paula como a Ana Lucia, já foram minha “chefas”. Elas realmente conhecem muito de Service Desk e tem autoridade para questionar qualquer conceito relacionado ao assunto.

    Parabéns Paulinha e Ana, vocês merecem!!!

  2. Me parece, como em varias outras questoes envolvendo assuntos de melhoria ou pioria, a questao se relaciona a comportamento da Empresa.
    Quando as gurias eram chefe, elas realmente respeitavam e ouviam as vozes discordantes ?
    E eh a chefia imediata que define o que vai acontecer. Imagina um tecnico falando que ele vai falar diretamente com o usuario – o responsavel pelo Help Desk tem um troço, pode ate em um outro momento, demitir o cara.
    A organizacao precisa ser aberta, ouvir…com isto, nao importa ITIL, PMI, seja la o que for, qualquer metodo vai funcionar, pois ao detectar uma oportunidade, ela sera levada avante, e principalmente, sem medo de se propor.
    As pessoas nao entendem que sao criados alguns feudos, e que ideias, comportamentos difernetes, abalam.
    Se houver um framework realmente importante, este esta no RH.

  3. Nobre, Jarlei!

    Que saudades suas. Que tal um churrasco lá em casa pra sabermos das novidades um do outro?

    Não entendi muito bem sua argumentação, mas… Claro, a CULTURA da empresa é impactante. Estou lendo um livro chamado DEUSES DA ADMINISTRAÇÃO.

    Nele o autor comenta que, as empresas vão crescendo e buscam automatizar ao máximo seus processos (cheiro de ITIL). O problema é que elas ficam amarradas em coisas como inovação.

    Um sujeito quer fazer algo diferente, o chefe não deixa. Sabe-se lá que yerdas aconteceriam com essa novidade e o que sobraria para mim, chefe.

    Nelas, o indivíduo não é uma PESSOA, mas uma FUNÇÃO. Se ela for embora, o impacto é mínimo, pois alguém vem e continua a executar a função.

    Claro, a motivação do pessoal é quase ZERO.

    E o churras, que tal?

    Abrazon

    EL Cohen
     

  4. Sensacional !
    Isto sim eh best practices…heheheheehhe

    Ate por que, renovo os parabens pelo teu site do Gaucho, ainda mais mes Farroupilha.

    Gosto muito do Drucker, tenho um video dele onde ele pergunta para um executivo: “Qual o seu negocio ?”, o exedcutivo responde vender seguros, outro responde sistemas, etc. ELe diz:” Treinar e Desenvolver pessoas”.

    Entao, temos que ter pessoas criticas, justamente para questionar ‘best practice’ e outras coisas (as vezes velhas com roupa nova).

    E este questionamento muitas vezes, senao na maioria, nao eh visto ou entendido, pela chefia.

    Imagina em uma Empresa, onde o treinador pede para o jogador sair e este jogador diz nao…todos sabem que o jogador estava com a razao, mas…

    Puxa, podiamos formalizar estes churras (o ultimo ja vai longe), para termos estes momentos de conversa – termos uma àgora para, a exemplo de Socrates, exercitarmos maieutica (agora me puxei).

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