Brainstorming precisa de piada e chocolate

roscaQuem deseja fazer uma efetiva reunião de brainstorming em busca de soluções inovadoras, precisa no iní­cio da sessão, liberar o chocolate, docinhos e fazer piada.

É isso daí­, meus amigos. Aqui vai uma boa dica baseada em aspectos psicológicos.

Brainstorming, pra quem desconhece, é uma técnica utilizada para criação de novas ideias, a partir da exposição em volume de sugestões sem crí­tica prévia. Vale dizer tudo (afinal a tradução é, literalmente, “tempestade cerebral“). Depois é que se analisa o que funciona ou não, se for o caso.

Para mais detalhes visite a Wikipedia, verbete brainstorming.

emotionalEstava terça-feira em Belo Horizonte, encerrado no quarto do hotel após mais um Help Desk Day.

Evitando me arriscar em local desconhecido, iniciei a leitura do livro “Emotional Design” de Donald A. Norman.

A fera, mais do que um professor de design,  é autor de vários livros e com boa ênfase em psicologia cognitiva.

Em parte de um capí­tulo, ele destaca aspectos importantes do ser humano que me aventuro traduzir abaixo:

Quando você está no estado de afeto negativo, sentindo-se ansioso ou em perigo, os neurotransmissores focam no processamento cerebral. Foco aqui significa a habilidade em concentrar-se num tópico, sem distração e ir cada vez mais fundo até que uma solução seja alcançada.

Foco também implica em manter a concentração nos detalhes.

Isso é muito importante para a sobrevivência, onde o afeto negativo executa um papel principal. Quando seu cérebro detecta algo que pode ser perigoso, seja pelo processamento visceral ou reflexivo, seu sistema afetivo age para tensionar os músculos em preparação para uma ação e também alerta os ní­veis comportamentais e reflexivos a pararem o que estiverem fazendo e se concentrar no problema.

Os neurotransmissores influenciam o cérebro para focar no problema e evitar distrações. Isso é exatamente o que você necessita para lidar com o perigo.

Quando você está no estado de afeto positivo, ações opostas aparecem.

Agora, os neurotransmissores ampliam o processamento cerebral, os músculos podem relaxar e o cérebro presta atenção a oportunidades oferecidas pelo afeto positivo.

Ampliação significa que você está menos focado, mais propenso a receber interrupções e aberto a novas ideias ou eventos. O afeto positivo envolve curiosidade, engaja a criatividade e coloca o cérebro dentro de um mecanismo efetivo de aprendizado.

Com o afeto positivo, você está mais propenso a ver a floresta do que as árvores, prefere ver a paisagem a concentrar-se em detalhes. Por outro lado, quando você está triste ou ansioso, sentindo o afeto negativo, você está mais propenso a ver as árvores do que a floresta, mais detalhes do que a paisagem.

Que significado possuem estes estados no design?

Primeiro, alguém que está relaxado, alegre, num estado de espí­rito prazeroso, é mais criativo, mais apto a desprezar pequenos detalhes. (…)

Segundo, quando as pessoas estão ansiosas, ficam mais focadas e, se for o caso, o designer presta mais atenção para garantir que toda a informação necessária para fazer a tarefa esteja à mão, visí­vel, clara e não ambí­gua sobre as operações que o dispositivo a ser projetado irá executar. (…)

Um aspecto interessante das diferenças no processamento de ideias é como estes dois estados (afeto negativo e positivo) impactam o processo de design em si.

Design – e para a maioria das questões de solução de problemas – exige pensamento criativo seguido por um perí­odo considerável de esforço concentrado e focado.

No primeiro caso, criatividade, é bom que o designer esteja relaxado e com espí­rito tranquilo. Por isso, nas sessões de brainstorming, é comum iniciar com um aquecimento que envolva contar piadas, comer um chocolate e jogar games. Nenhum tipo de crí­tica é permitido pois elevaria o ní­vel de ansiedade entre os participantes.

Bons brainstormings exigem um estado relaxado induzido pelo afeto positivo.

Se você chegou até aqui é por que se interessa, então vou tentar traduzir.

A psicologia cognitiva envolve questões de aprendizado. No caso do livro em questão, eu absorvi um conhecimento e fiz uma transposição para o nosso mundo de suporte técnico.

Quantos já não tentaram reuniões de brainstorming para solução de alguma dificuldade (Gerenciamento de Problemas?), caminhos diferentes para motivar a equipe etc.?

Afeto positivo e negativo

O autor apresenta dois estados de afeto: negativo e positivo.

Negativo é aquele em que ficamos “ligados e antenados” para algum perigo. Ou lutamos ou fugimos. São coisas viscerais, animais mesmo. É o que o coelho faz frente à raposa. Tensiona os músculos e, a qualquer movimento do predador, dispara na fuga.

Apesar de estarmos bem mais evoluí­dos que um coelho, ainda somos dotados desse mecanismo.

pernalongaO oposto é verdadeiro: nosso afeto positivo envolve aquele momento em que estamos relaxados e, com isso, investigamos o ambiente com mais curiosidade. E só podemos fazer isso quando não estamos em perigo. É a coelhada toda chiando pelo campo e furungando atrás de alimento.

Como somos munidos desses mesmos mecanismos (afeto negativo e positivo), o autor sugere que, ao iniciar as sessões de brainstorming, o ambiente seja relaxado, ainda que os compromissos sérios.

risoSe o que se busca é criatividade, a qual advém do afeto positivo, é mister aliviar o clima contando piadas, comendo  um chocolate ou coisa parecida.

E você achou que as piadas do iní­cio da reunião tiravam a concentração da equipe, hein?

Aproveite essa deixa cientí­fica e validada.

Convém não desprezar, hehehe. Bom-humor na criatividade é fundamental.

Abração!

El Cohen

8 comentários em “Brainstorming precisa de piada e chocolate”

  1. Putz! Muito bacana!

    Obrigado por trazer algo tão util aqui, é bom estar sempre ligado nas suas dicas!

    Assunto extremamente importante para garantirmos nossa inovação e entedermos como melhorar um pouco nossas criações!

    Valeu!

  2. Pra você ver, hein, brother?

    O que o estudo pode nos ajudar.

    Só não vale fazer muito brainstorming, senão, hehehe, a barriga cresce de tanto chocolate 😉

    Abração,

    El Cohen

  3. Interessante mesmo. Passei por situações onde o chefão começava: “o problema é crítico, as vendas estão uma merda, precisamos de criatividade senão vai todo mundo pro olho da rua”. Imagina que ambiente relaxado para a criatividade!!!

    Valeu, brother.

  4. Márcio Barroso

    Interessante saber que nos grupos de estudo de gerenciamento de serviços de TI na empresa em que trabalho, já usávamos este método antes das reuniões…. e agora sabemos porque realmente funcionava melhor… que legal!!!!

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