Cérebro, a máquina da inovação

Este foi o tí­tulo do evento que participei quarta-feira, 24 de janeiro, no Plaza São Rafael.

Organização da Revista Amanhã em conjugação com a premiação que a mesma entrega para as empresas mais inovadoras da região sul do paí­s.

Aqui vão alguns extratos que consegui obter dos dois palestrantes que me interessaram, assim como uma pequena referência sobre os mesmos.

Renato Zamora Flores
Geneticista do Comportamento e prof. do Depto de Genética da UFRGS

  • Algumas coisas não são possí­veis de mudar por questões neurológicas (por exemplo, hoje vou tentar ser mais criativo).

  • Pessoas criativas podem ser chatas na escola, no trabalho, etc.

  • Não há comprovação entre doença mental e criatividade. Tampouco a ciência também conseguiu provar qualquer relação entre álcool e drogas e criatividade.

  • 40% de nossos neurônios morrem durante a nossa vida, mas nem por isso nos tornamos mais burros.

  • Como estimular a criatividade? Desde pequeno, oferecendo para a criança um ambiente aberto a idéias incomuns, com liberdade de pensar e liberdade de escolhas (não confundir com deixar a criança fazer qualquer coisa, mas sim poder optar entre alternativas).

  • Como funciona a criatividade? Através do modelo GENEPLORE (sugeriu procurar no Google, clique aqui). Significa gerar muitas alternativas e testá-las. Produzir uma quantidade maior de variações e filtrar as melhores para o seu objetivo.

  • “Querer ser criativo” não aumenta a geração randômica de soluções. O melhor é despreocupar-se, pois há mais chance assim. Citou casos famosos como o banho de Arquimedes (clique aqui) e seu objetivo de medir se coroa tinha ouro puro ou não (quando ele gritou “- Eureka, Eureka!).

  • Conceito de “variação cega mais retenção seletiva“. Perguntas claras ajudam a ter soluções eficientes. Quando se domina o problema, existe consciência do que precisa ser resolvido, há mais chances de resolver o problema. Estar bem informado auxilia na solução do problema.

  • Não há problemas em gerar idéias ruins, o importante é saber filtrá-las.

  • A criatividade não diminui ao longo da vida.

  • Para prever situações, usamos a mesma parte do cérebro onde buscamos nossas lembranças. Quanto maior esta base de passado e experiências, maior a chance de criação.

  • Por que algumas temas ficam retidos na memória e outros não?
    Nosso cérebro realiza associações com outras informações que já estão retidas. Assim, se gostamos de algo, é bem mais fácil aprender e reter na memória, pois já existem dados que serão associados aos novos. Por isso é difí­cil aprender coisas das quais não gostamos ou temos interesse.

  • Renato usa um conceito de plasticidade do cérebro (sinapses que vão se formando dentro do mesmo). Isso significa que não podemos tudo, não se consegue reverter tudo, como os livros de auto-ajuda apregoam. Assim, não dá para “salvar” um psicopata, assim como modificar a orientação sexual ou remover a tendência para violência, pois estas informações foram esculpidas em nosso cérebro muito cedo.

  • A expressão “ciência” vende muito, por isso todos querem carimbar seus métodos, ainda que não cientí­ficos, com esse selo.

Moacyr Scliar
Escritor

  • Até Deus precisou de um cronograma (6 dias) para criar o mundo (o que significa que não bolou tudo imediatamente).

  • Criou o ser humano a sua imagem e semelhança.

  • Delegou ao primeiro homem uma tarefa, que envolvia criatividade (dar nome aos animais).

  • Comentou que, no mundo, se gasta mais com animais de estimação do que com saúde humana (ele além de escritor é médico). Para se discutir uma outra racionalidade é preciso respeitá-la invés de rejeitá-la (vociferar contra os gastos com animais).

  • O que mostra a experiência com grandes escritores:

  1. Imersão e exploração caracterizam os primeiros estágios do desenvolvimento da pessoa criativa (ler tudo sobre o assunto, buscar, conhecer, etc).

  2. É muito importante o encontro com pessoas criativas mais velhas e experientes, mesmo que disso resulte a “angústia da influência“. Quem está aprendendo necessita mestres, modelos.

  3. A “communitas” é importante para o jovem criador (amigos engajados no mesmo assunto).

  4. Palavras e imagens são importantes e se completam (o cinema não acabou com a literatura, por exemplo, como se imaginava).

  5. É preciso paixão pelo que se faz.

  • Os jovens tem uma outra escrita que podemos não endossar, mas é preciso respeitar.

  • Quanto mais visceral o envolvimento com algo, mais autêntico.

  • Como saber se temos paixão por alguma coisa? Se deixarmos de fazer aquilo, seremos profundamente infelizes?

  • Verí­ssimo: o prazo de entrega é a fonte de sua inspiração…

Então…

Compartilho com os amigos leitores um pouco do que pude recolher durante o evento. Opiniões diferenciadas, de um escritor e de um cientista geneticista.

Pense a respeito, agora 🙂 e não amanhã!!!

Abraços,

El Cohen

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