Quem está por dentro do ITIL sabe que o objetivo do Gerenciamento de Incidentes (e do Service Desk… e do Help Desk) é, dentro do conceito desta biblioteca, colocar o usuário a trabalhar o mais rápido possível.
Uma das maneiras pelas quais se mede o desempenho da equipe é através da métrica “Solução no Primeiro Contato“.
Quando melhor a métrica, significa que mais incidentes são resolvidos no primeiro contato telefônico, por exemplo, evitando que o usuário aguarde um retorno através de uma segunda ligação. Afinal, isso poderia deixá-lo mais tempo aguardando por uma solução e, por conseguinte, seu serviço prejudicado ou até parado, o que seria ruim para o negócio.
Assim, as empresas correm atrás de aumentar essa métrica o máximo possível. Claro, dentro dos incidentes passíveis de serem resolvidos no primeiro contato; um incidente envolvendo uma impressora quebrada não pode fazer parte dessa meta.
Aliás, empresas de outsourcing fazem desta métrica fator de marketing. Alardeam – com motivo ou não – alcançarem altos valores, significando que os usuários atendidos pela mesma retornam à atividade o mais rápido possível.
Oh, yeah…
Oh, yeah…
Eu recomendo aos amigos a leitura de – artigo não mais disponível – um pequeno artigo publicado no Express Computer, periódico da Índia e escrito por especialistas do Forrester Research (uma das grandes empresas de pesquisas na área da tecnologia.
Ele elogia o esforço na busca em melhorar esta métrica, registrando como benefícios para uma organização interna:
- Maximização do tempo do usuário, pois ele dedica mais do seu tempo para realizar suas atividades de negócio (invés de esperar uma segunda ligação do suporte para solucionar seu problema).
- Eliminação do tempo dispendido tentando novo contato telefônico (ramal ocupado, pessoa não está, etc).
- Aumento na satisfação.
Para as organizações externas que prestam suporte, como uma software-house ou fornecedora de serviços:
- Diminuição dos custos e aumento da lucratividade.
- Aumento na satisfação do usuário e chances de novos negócios com o mesmo.
- Melhor treinamento e suporte à tecnologia.
É isso aí, maravilhoso, sensacional, boas dicas e tal… Mas…
Nem tudo são flores. O artigo APONTA preocupações a serem levantadas por um supervisor de Help Desk e Service Desk na ânsia paranóica (essa expressão é minha para dar maior relevância ao fato, hehe) de melhorar a métrica.
Que resultados prejudiciais podem surgir?
- Desenvolver no usuário um hábito de sempre precisar ligar novamente. Uma situação de permanente aflição nos analistas para alcançar as métricas estimula o encerramento de incidentes, independente de resolverem ou não o problema do usuário, nem recolocarem-no em serviço. Significa que os voltarão a solicitar atendimento para a mesma dificuldade.
- Gerar mais preocupação com métricas do que com a própria motivação. A equipe acaba redefinindo várias vezes o modo de calcular esta métrica, com o objetivo de torná-la maior. Perdem o foco que é: trabalhar para resolver mais incidentes no primeiro contato. Essa é uma coisa muito esperta e na qual os analistas vão extirpando classes de incidentes dos “elegíveis” para solução no primeiro contato.
- Dispensa de mecanismos de automação. “– Opa, que história é essa de sugerir aos usuários que usem o mecanismo automatizado para reinicializar senhas? Eles precisam ligar para nós. Assim vamos ter mais incidentes resolvidos no primeiro atendimento e aumentaremos nosso desempenho nessa métrica!“
Mas hein?
Você quer mais? E traduzido? Hehehe, leia o artigo, ele é muito bom e serve como alerta para que os departamentos PENSEM sobre este conceito, suas vantagens e possíveis conseqí¼ências.
Abraços
El Cohen
Excelente este blog!! Parabéns Roberto pela iniciativa.
Acho que neste caso precisa haver da coordenação do Help Desk, um balanço entre a quantidade de chamados solucionados no primeiro atendimento X a quantidade de chamados reincidentes. So assim vc pode fazer um bom trabalho. Se vc tem um alto indice de reincidencia nos atendimentos, acho que está furado o seu processo de solução no primeiro atendimento…
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