Como é tradicional comigo e com Bill Gates, segue um resumo dos livros que passaram pelos meus olhos em 2018 (existem vários outros, mas precisei fazer uma seleção para você).
Ele, Bill, está aposentado. Consegue ter uma quantidade e periodicidade maior que a minha.
Eu descobri que só tenho feito isso no final do ano.
Anyway, aí vai em ordem cronológica.
A vida no limite
A vida no limite, a ciência da sobrevivência do Frances Asheroft explica os motivos do por que quem viaja para altitudes altas, deve fazer pouco esforço na chegada. E escalar o Himalaia, ainda que de carona num cavalo, carro ou coisa parecida, pode ser uma roubada fatal. Paraquedistas de elite (ou amadores) também podem sofrer do mal-das-montanhas.
Beber água para extinguir a sensação ferrenha de uma pimenta picante só produz efeito contrário: espalha ela mais ainda pela boca, haha. Como certas pessoas conseguem caminhar sobre brasas sem fazer fiasco? Por que o seu cachorro vive de língua de fora em dias quentes como estes que vivemos em Porto Alegre?
A explicação está no livro.
Qual o efeito de caminhar ao sol e perder muito sal? Hipertensos, é fria, não faça isso pensando em diminuir sua pressão, pois a depleção de sal irá…
Leia o livro.
Pensando em abandonar o navio que está afundando em pleno mar frio? A melhor saída é se entrouxar todo de roupas. Aliás, pés molhados perdem calor muito mais rapidamente que os secos.
Pra que tudo isso, Cohen?
Bem, pode ser útil para salvar sua vida caso vá para Teresópolis em épocas de chuva forte, ou Punta Cana sem água por perto, ou…
Almas mortas
Almas Mortas é meu livro de ficção preferido. Escrito por Nikolai Gogol no início do século XX e nunca terminado (morreu antes de concluir), conta a história de um espertalhão.
Ele descobriu que o censo de escravos era feito de 10 em 10 anos (ou 20 em 20 anos) e que eles poderiam ser usados como garantia para empréstimos. Então ele sai campo afora comprando cartas de propriedades de escravos mortos.
As situações mais inusitadas acontecem, desde gente dando de graça os documentos comprobatórios de propriedade daqueles que já morreram até… Outros espertalhões que resolvem barganhar e até aumentam o preço de seus escravos mortos por que farejam cheiro de grana fácil aí.
Muito bom, mais que isso. Esplêndido!
Como viver
Como viver: ou Uma biografia de Montaigne em uma pergunta e vinte tentativas de resposta é obra de Sarah Bakewell que leu os textos de Montaigne, famoso filósofo reconhecidamente cético (adepto do ceticismo, doutrina segundo a qual o espírito humano não pode atingir nenhuma certeza a respeito da verdade, o que resulta em um procedimento intelectual de dúvida permanente e na abdicação, por inata incapacidade, de uma compreensão metafísica, religiosa ou absoluta do real).
Sou um dele, mas não com muita competência.
Mas ainda assim questiono tudo que o Fernando Baldin fala, que o Mansur escreve, que as religiões pregam, etc.
Só não questiono minha esposa por que daí são outros quinhentos.
Vocês encontrarão no texto de Sarah (vindo de Montaigne) que não devemos nos preocupar com a morte; que é importante prestar atenção nas coisas; devemos ler muito, esquecer quase tudo que lemos e raciocinar com lentidão; recorrer a pequenos truques; questionar tudo; ser sociável; despertar do sono do hábito (não fazer sempre a mesma coisa), fazer algo que alguém nunca tenha feito e por aí vai.
Customer Success
Este livro dos autores Dan Steinman,”Ž Lincoln Murphy e”Ž Nick Mehta fiz uma resenha.
Para conhecer leia o artigo:
O livro Customer Success: uma hábil combinação de legos
Pros iniciantes, é fundamental.
Apesar de não ser tudo aquilo que alguns dizem por aí – lembre-se de Montaigne, questione tudo, até a opinião do Cohen, haha.
Ask
O título é tudo isso daqui: Ask : The counterintuitive online formula to discover exactly what your customers want to buy…create a mass of raving fans…and take any business to the next level.
A ideia do Ryan, o autor, é que precisamos perguntar ao cliente o que este deseja comprar. Caso contrário estaremos empurrando goela abaixo produtos ou serviços desinteressantes que serão fracassos.
Não coloquei o método em prática, mas…
Ele tem concepções bem úteis, desde formas de chamar a atenção do interessado no e-mail. Aliás, o livro é quase tudo sobre e-mail e como carregar o interessado para uma “landing page” que faça o resto: venda.
Claro, está lotado daquelas histórias “como fiquei rico em apenas meio passo” e testemunhos de clientes que adotaram o método e, voilà, andam de BMW e Mercedes.
Porém isso não é motivo para desprezar o conteúdo que colocarei em prática em 2019.
Hitler e Churchill, segredos da liderança
Bem, o interesse em conhecer mais de Churchill surgiu depois de assistir a série The Crown no Netflix.
Hitler e Churchill, segredos da liderança faz um comparativo entre os estilos das duas personalidade.
Mesmo que você queria torcer o nariz ao ler o nome Hitler, é importante saber que ele liderou uma nação. E não uma qualquer, mas a Alemanha, berço da Siemens, SAP, Volkswagen, Mercedes-Bens, Porsche, Melitta, Montblanc, ThyssenKrupp e daria para encher a página com empresas que orgulham o povo alemão.
Então é importante compreender a sua (de Hitler) capacidade. E a de Churchill, por outro lado.
Quem sabe alguma coisa de proveito, em termos de liderança, você absorve para o seu time do centro de suporte técnico?
“A força que sempre desencadeou as maiores avalanches religiosas e políticas na história não foi outra, desde tempos imemoriais, senão a força mágica da palavra“, Hitler escreveu.
Economia
Economia, o que é, para que serve, como funciona de Charles Wheelan explica, por exemplo, que as pessoas que boicotam o “trabalho escravo” de marcas de roupas em certos países asiáticos fazem um mal àqueles que pretendem proteger: os trabalhadores.
Por que não dá pra comparar receber 10 USD por mês com o mercado de trabalho norte-americano ou europeu. Pior, fecham-se as fábricas e as mulheres trabalhadoras são obrigadas a cair na prostituição e outras coisas piores por falta de empregos.
Vai um excerto:
Eis uma pergunta aflitiva na política: é justo que nós, que vivemos confortavelmente, imponhamos nossas preferências aos indivíduos do mundo em desenvolvimento? Os economistas argumentam que não, embora façamos isso o tempo todo.
Quando leio uma reportagem no New York Times de domingo sobre habitantes de vilarejos na América do Sul derrubando florestas tropicais virgens e destruindo ecossistemas raros, quase deixo cair meu latte da Starbucks de surpresa e repulsa.
Mas eu não sou eles. Meus filhos não estão passando fome, nem correm o risco de morrer de malária. Se estivessem, e se derrubar um hábitat valioso de vida selvagem me possibilitasse alimentar minha família e comprar mosquiteiros, então eu afiaria o machado e poria mãos à obra. Não me importaria quantas borboletas eu matasse.
Por enquanto, a questão é mais básica: simplesmente é fruto de um raciocínio econômico ruim impor nossas preferências a indivíduos cujas vidas são muito, muito diferentes das nossas.
A arte de argumentar
A arte de argumentar, gerenciando razão e emoção de Antônio Suárez Abreu, fala sobre isso mesmo que está no título (pode parecer uma afirmação idiota, mas com cada nome de filme que há por aí, eles viram um Kinder Ovo).
Por que é importante sua leitura: por que a todo momento estamos apresentando nossos argumentos ao mundo. Pode ser escolhendo o destino das férias junto com a esposa, tentando convencer o chefe a contratar mais pessoas ou estimulando os colaboradores a participarem da nova mudança.
Abreu faz uma retrospectiva da relevância do argumento desde os sofistas (entre eles Protágoras e Górgias) até o mundo atual.
O lado ruim é que ele se torna lá pelas tantas um livro texto: expõe todos os tipos de argumentos que existem e a gente se perde na lista quase infinita (argumentum ad baculum, ad hominem, ad ignorantiam, ad misericordiam, populum, verecundiam, etc.).
A Pátria de chuteiras e Nelson Rodrigues por ele mesmo
A Pátria de chuteiras é uma coletânea de artigos e colunas do autor. Nelson Rodrigues por ele mesmo foi produzido pela filha do mesmo para manter viva sua lembrança.
Bom, me gusta muito o autor.
Em especial por que é irreverente, escrachado e direto nos textos. Não tem como deixar de arreganhar os dentes de faceirice ao ler os seus textos, até os da copa de 1958 (60 anos atrás).
Ele foi jornalista durante muito tempo e depois autor de peças teatrais de sucesso como Vestido de noiva; Anjo negro; Álbum de família; O beijo no asfalto; Bonitinha, mas ordinária; Toda nudez será castigada e muitas outras.
Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos “os maiores” é uma cínica inverdade.
Eu vos digo: – o problema do escrete não é mais de futebol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo.
O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol para dar e vender lá na Suécia.
Manual do CEO
Manual do CEO foi escrito por um norte-americano (Josh Kaufman) que se deu ao trabalho de reunir inúmeras lições de variados autores para quem pretende dirigir uma empresa e dividiu-as em várias seções, como Criação de Valor; Marketing; Vendas; Entrega de Valor; Finanças e outros aspectos gerenciais.
Afirma que é muito mais barato estudar as obras existentes (ou o resumo dele) do que pagar uma faculdade ou pós-graduação para isso.
Se hoje uma faculdade privada custa R$ 2.000 x 12 meses x 5 anos (sem contar outras despesas), o investimento será de R$ 120.000.
Bem, a declaração dele não é de toda desprezível, em especial para quem sai formado em um curso generalistas, por exemplo.
Projeto Desfazer
Amos Tversky e Danny Kahneman.
Duas personalidades do ramo científico que abalaram, com seus trabalhos e pesquisas, o mundo moderno. Deles descende um novo ramo científico chamado de Economia Comportamental, o qual estuda o comportamento dos indivíduos frente a decisões financeiras e outras corriqueiras da vida.
Michael Lewis é biógrafo bom pra caramba que escreve O Projeto Desfazer.
Escreveu também a história dos Flash Boys (o surgimento dos robôs de investimento e das manipulações que acontecem nas bolsas de valores), do Billy Beane (gerou o filme MoneyBall e conta o uso de big data dentro da área de baseball), A Jogada do Século (deu origem ao filme A Grande Aposta sobre a quebradeira generalizada de bancos em 2008) e outros livros.
Vale para conhecer algo que eu não sabia: Amos era o cara. E Daniel, a quem muito admiro, ficava eclipsado perto do primeiro.
Mas também mostra como ambos foram desenvolvendo suas teorias e como acabaram distantes um do outro ao final de uma relação estupenda e profícua de descobertas e conclusões.
Vale mesmo.
Como mentir com estatística
Todo e qualquer gestor de suporte tem neste livro leitura obrigatória.
Ou será enrolado por qualquer fornecedor ou funcionário que apareça com alguns números.
A ideia do Derrel Huff, o autor, em Como mentir com estatística é mostrar algumas artimanhas que peças de publicidade, políticos e vários outros aplicam-nos sem que percebamos.
Algumas vezes percentagens são citadas e os números faltam, e isto pode também ser decepcionante.
Trinta e três e um terço por cento das alunas da Hopkins casaram-se com membros do corpo docente.
O número natural clareou o quadro. Havia na época três mulheres na faculdade e uma delas casou-se com um professor.
O discreto charme do intestino
Bom, fiz um artigo imenso deste livro há algum tempo no blog.
E novamente recomendo firmemente a leitura de O discreto charme do intestino.
Se não pela importância em termos de saúde, ao menos pelo estilo da autora que é espetacular. Parece que estamos lendo um romance, novela ou coisa parecida tamanha vontade de continuar lendo até o fim.
Alguns itens para atiçar sua curiosidade:
- Quem tem mau hálito (bafo mesmo) precisa ler.
- Sovaco cheiroso?
- Intolerância à lactose e frutose? Ao glúten?
- Constipação?
- Qual a melhor posição para fazer cocô?
- Por que vomitamos?
- De onde surgem as diarreias?
- Por que acordamos com os olhos inchados?
- Azeite de oliva é bom, mas não para fritar? Como assim?
O poder do Encantamento
O poder do Encantamento foi escrito por José Galló, um gaúcho ali das beiradas de Caxias do Sul.
Ele transformou a Renner de uma empresa de roupa masculina na maior cadeia de vestuário no Brasil.
Vai um excerto:
Acrescentei que, especialmente em empreendimentos menores, costuma preponderar aquilo que o proprietário prefere e gosta, e não o que o consumidor quer. Esses negócios não apenas não satisfazem seus públicos, como estão ainda mais distantes da ideia de superar expectativas, encantando-os.
Talvez pareça um tanto radical, mas acredito que empresas que não satisfazem, morrem; as que satisfazem, crescem pouco; apenas as que encantam se destacam e crescem muito. É um erro de avaliação, que tanto pode ser referente ao mix de produtos, ao ponto de venda ou, ainda, à política de preços.
Tudo acaba redundando em problema de fluxo de caixa, e no desespero e afã de se capitalizar, o dono da empresa, pensando que está atacando a causa — quando na verdade está agindo sobre o efeito —, vende sua casa da praia, depois o carro, e não adota a medida mais adequada: reposicionar o negócio.
Pode não ser o que parece
Pode não ser o que parece: O que traz felicidade, com quem se casar, quais amigos ter ou como a ciência ajuda você a tomar as melhores decisões foi escrito a quatro mãos: Samy Dana e Sérgio Almeida.
A chamada do livro já é malvada e me fez comprá-lo. E gostei, por isso a recomendação.
Quem tem mais dinheiro é mais feliz? O amor tem um preço? Por que nos importamos com a opinião dos outros? Como as emoções afetam nossas decisões? Talvez essas não pareçam perguntas que interessem a um economista, mas Samy Dana e Sergio Almeida vão muito além do cálculo de juros, inflação e crescimento do PIB. A economia também é a ciência que estuda como os seres humanos tomam decisões – em muitas das escolhas que fazemos, há um lado oculto que tem muito a ver com economia.
21 lições para o século XXI
21 lições para o século XXI é do israelense Yuval Noah Harari. Ele já é bem conhecido pelos livros Homo Sapiens e Homo Deus.
Esta obra não está à altura das outras duas, na minha opinião. As primeiras foram estupendas. De ficar de boca aberta após ler cada página.
Isso não significa que 21 lições seja ruim, nada disso. É que uma vez que vamos a um jogo ou leitura com expectativas altas, já sabe, né…
Nesta obra o Yuval tenta encaminhar alguns temas, como a questão da inteligência artificial tomar empregos e acabar com a própria identidade humana; o fato que as fake news não são coisas novas (comenta que o ser humano adora se apegar a narrativas e até mata por elas, como demonstra o terrorismo religioso). como o próprio terrorismo mata poucas pessoas, mas apavora um número muito, muito maior delas; a importância da humildade e muito mais.
Leia.
Feito
Acho que é o último artigo do ano.
Agradeço a todos que me acompanharam neste período.
Não farei resumo disso, daquilo. Só o registro que a gente possa se encontrar em 2019.
Felizes festas e um baita 2019 pra nós.
São os votos da eu-quipe 4HD.
😉
EL Cohen